domingo, 10 de março de 2013

Capítulo 45 – Aniversário



11/07/2017 Terça. 08:30h
Acordei, e em vez de encontrar o Rafa do meu lado, encontrei um bilhete, ou melhor, um talão do pingo doce que tinha uma mensagem no verso:

‘’Bom dia coisa feia.
Eu tive que sair, o trabalho não espera.
De qualquer maneira não podia ir embora sem antes te dizer uma coisa muito importante… Aqui vai:
Deixe-te panquecas com chantilly e morango no frigorífico!

Gostavas não é? Fica para mais logo! Tens pão em cima da mesa, leite, manteiga e fiambre no frigorífico.
Beijos
Eu… Tu sabes!‘’

Enfim. Aquele sorriso parvo do costume invadiu-me o rosto, porém depressa se desvaneceu quando olhei para o relógio. Vesti-me a correr e fiz a travessia criminosa para o meu quarto que estava trancado por dentro. Depois de vestir o pijama abri a porta e fui até á cozinha, onde já estavam os meus pais preparados para sair.

-Bom dia. – Disse lhes.
-Bom dia querida. – Respondeu o meu pai.
-Bom dia. Ainda bem que já acordaste, eu ia pedir-te um favor. – Disse a minha mãe á medida que se apressava para sair. - Precisava que fosses às compras hoje, a lista está ali em cima da bancada. Leva o teu irmão, para ver se ele não fica trancado no quarto a jogar.
-Está bem, vão lá.

Eles saíram e eu sentei-me na mesa a tomar o pequeno-almoço, depois de servir o Brown.
-Bom dia! – Apareceu o meu irmão na cozinha, já vestido e muito animado.
-Bom dia. – Respondi com um ar admirado. – Vais a algum lado?
-ya, vou andar de skate com o Felipe e a Dani.
-Ah sim? E com a autorização de quem?
-Aish! É só aqui na rua! Os pais deixam sempre!
-De certeza?
-Sim! Eu já não sou nenhuma criança.
-Claro que não. – Ri-me. – Olha que é mesmo só aqui na rua! Eu tenho de ir ás compras, por isso tens de ter juízo.
-Juízo é o meu nome do meio.
-Sei.

Assim que acabei de comer conduzi até ao supermercado que tava tal e qual como me lembrava. Fiz as compras e voltei para casa. Depois de assobiar inúmeras vezes para o meu querido irmão me ajudar a levar as compras para cima, continuou a brincar com o skate no fundo da rua como se tivesse ouvidos de pedra. Enfim, putos! Lá tive eu que carregar tudo sozinha.

15:00 – Depois de almoço.

O Ricardo entrou em casa e eu já estava a preparar o sermão.

-Ouve lá meu menino, mas isto é assim? Deixas o telemóvel em casa, não apareces para almoçar! Onde é que estiveste?
-Oh, eu queria vir, mas a mãe do Felipe insistiu para eu almoçar com eles, eu não consegui dizer que não. Desculpa.
-Desta vez passa. Mas para a próxima avisas, eu fiquei preocupada! 
-Eu sei desculpa, não volta a acontecer mana. Posso ir para o meu quarto?
-Vai lá.

Eu fui também para o meu, e comecei a procurar anúncios de casas para alugar nas redondezas, o que fez lembrar o Jake. Senti-me tão culpada que parei de procurar. Mais tarde ou mais cedo eu tinha de o enfrentar. Não podia continuar a ignorar as chamadas, a fingir que não se estava a passar nada.
Mas a verdade é que o fiz, passou-se um mês e eu continuei a fingir que não tinha um namorado, e a manter um romance mais que proibido que, apesar de me fazer feliz, me tornava numa pessoa que eu não podia nem queria ser. E assim se passou um mês, com entrevistas de trabalho, com muita praia e passeios, com uma gripe pelo meio que foi compensada com noites quentes (não me referindo ao tempo). 

10.08.2017 – Sábado.

Estava um calor insuportável, naqueles dias de pleno verão, e a Tixa e o Rui convidaram nos a todos para irmos passar um fim-de-semana à Ericeira, uma vez que a Madalena fazia 4 anos no Domingo. 

-Fogo, é sempre a mesma coisa! Vocês vão se divertir e eu vou ficar aqui à seca. Até o cão vai e eu não! – Refilava o Ricardo enquanto eu me preparava para ir ter com o Rafa.
-Não sejas assim! Vais para a próxima. - Dirigi-me à cozinha para comer qualquer coisa. – Que cheiro é este?
-Qual cheiro? – Perguntou o meu irmão que me tinha seguido até à cozinha.
-Este! – Peguei na taça da marmelada e quase que vomitei. – Que horror!  
-Tás doente ou quê? Não cheira a nada! Eu ainda há bocado comi.
-Arruma a taça no frigorífico então. Eu vou andando. Porta-te bem, ouviste?
-Que remédio.

Peguei na mochila, chamei o Brown e saí, dirigindo-me à porta do lado.

-Já estás pronta? – Perguntou o Rafa ao abrir a porta.
-Sim, e porque é que eu acho que tu ainda estavas a dormir?
-Não estavas cá tu para me manter acordado. – Agarrou na minha mochila e puxou-me para dentro, à medida que se aproximava para me beijar.
-Vamos… – Interrompi – Parar por aqui que a Di já deve estar à nossa espera.
-Eu tenho de ir tomar um duche rápido, queres vir? – Perguntou.
-Eu já tomei. Já fizeste o teu saco?
-Podias fazer me tu, tens mais jeito.
-Olha-me este! Grande lata ouve lá.
-É verdade princesa. - Agarrou-me por trás e beijou-me o pescoço. – Eu esqueço me sempre de alguma coisa.
-Pois, dá graxa dá. – Beijei-o uma última vez e empurrei-o para a casa de banho.
-As cenas de higiene estão aqui na casa de banho. – Gritou da banheira.
-A Mara vai? – Perguntei-lhe enquanto tirava as coisas do armário da casa de banho.
-Achas que sim? Eu quero estar contigo. E dormir contigo, (espreitou pela cortina) e fazer outras coisas contigo.

Beijei-lhe a cara cheia de espuma e saí da casa de banho. 
Ele acabou o duche enquanto eu lhe preparava o saco, e assim que nos despachamos, pegámos nos sacos, no Brown e saímos em direção à casa da Diana.

-A que horas é que combinaste com ela? – Perguntou-me já no carro.
-Às 10. Eu vou dar-lhe um toque para ela ir descendo.

-Bom dia malta! – Disse a Di ao entrar no carro.
-Bom dia! – Respondemos.
-Rafa! Que saudades! – Disse dando um abraço ao Brown, o que me fez rir.
-Eh eh. Estamos engraçadas hoje! – Refilou o Rafael.
-Sabes como é Rafinha, o meu amor por ti é incondicional.
-Junta-te à lista de espera. – Gozou.
-Tu és tão parvalhão! – Disse, rindo-me. – Di, fecha mais um bocadinho a janela do Brown para ele não pôr a cabeça de fora.

Continuámos a viagem com picardias e muita música e finalmente chegámos à Ericeira. Assim que estacionámos veio a Maddie a correr para o Portão. 

-Padinhooo!!! – Gritava à medida que o Rafa andava na sua direção.
-Quem é esta piolha feia? – Disse ao pegar a menina ao colo.
-Sou eu! – Gritou.
-És tu? – Mandou-a ao ar à medida que ela lançava fortes gargalhadas.
-Então pessoal, entrem. – Veio o Rui chamar-nos. – Rafa, ela acabou de tomar o pequeno-almoço vê lá se recebes um presentinho na camisola.
-O papá está com inveja, não está? – Disse o Rafa. – Faz-lhe o que o padrinho ensinou (deitou-lhe a língua de fora).
-O padrinho só te ensina coisas boas não haja duvida. – Riu-se.

Entrámos, e já estava a Tixa a preparar as coisas para o almoço, uma autêntica dona de casa! O Rafa foi para o jardim onde ficou a brincar com o Brown e a Maddie enquanto o Rui limpava a piscina. Eu e a Di dirigimo-nos à cozinha para ajudar a Tixa com o almoço.

-Então, o que vamos fazer? – Perguntou a Di.
-Bacalhau com natas. O Bacalhau já está cozido e desfiado, as batatas também já estão prontas, falta só fazer o molho bechámel e depois vai ao forno.
-Sim senhora! Estás a ficar melhor na cozinha, estou a ver. – Comentei.
-Teve de ser, senão o meu marido ainda me troca por uma cozinheira. – Rimo-nos. – Rita tira-me aí as natas, o leite e o sumo de limão que estão no frigorífico.

Assim que peguei no sumo de limão senti a barriga a andar às voltas e levei a mão à boca.
-Rita? O que é que foi? – Perguntou a Tixa.
-Nada, acho que o cheiro do limão me deixou meio enjoada. Isto deve ainda ser efeitos da gripe.
-Mas tu já não estavas melhor?
-Eu sei lá! Mas vá, esqueçam. Tens aí espinafres? – Perguntei.
-Sim, estão no fundo do frigorífico.
-Vou fazer um esparregado para acompanhar o bacalhau. A Marisa vem?
-Vem… E não vem sozinha!
-Hã? Como assim? - Perguntámos eu e a Di confusas.

Tocam à campainha.
-Por falar nela… Rui, abre o portão!
-Bom diaaa! – Disse a Marisa ao chegar à cozinha com… o Nando!
-Não acredito!!! – Gritou a Di.
–Finalmenteeee!!! Parabéns!! – Disse-lhes dando um forte abraço a cada um. – Fico tão feliz por vocês.
-Obrigada! – Disse a Marisa com um sorriso enorme e ainda de mão dada com o Nando que se encontrava igualmente sorridente. – Bom, mas vamos lá cozinhar, o que é que estão a fazer?
-Nando, podes ir para o jardim, estão lá os machos da casa. – Disse a Tixa, divertida.
-Sim senhora. – Respondeu o Nando esboçando um sorriso tímido.

Continuámos na nossa aventura culinária, e eu fui buscar o leite ao frigorífico para acrescentar ao esparregado. No momento em que estava a tirar o leite do frigorifico o Rafa passou pela cozinha, apalpou-me o rabo, mordeu-me a orelha e dirigiu-se para a sala. Quando me virei tinha as três a olhar para mim o que me deixou envergonhada.

-Oh…Meu…Deus! – Disse a Marisa com um sorriso espantado.
-É que vocês ainda não viram nada. – Interveio a Di. - Ele veio o caminho todo no carro com a mão em cima da perna da Rita.
-Oh meninas eu… - Tentei dizer alguma coisa mas não sabia o que dizer.

Quando elas me viram atrapalhada e um tanto quanto corada desmancharam-se a rir.

-Rita, não faz mal amor. Não precisas de te justificar! – Disse a Tixa. - Nós só não estávamos à espera.
-Sim, não precisas de ficar assim que nós já sabíamos. E nada me deixa mais feliz!! – Disse a Di.
-Mas nós vamos fazer isto da maneira correta. Eu estou a ganhar coragem para ir a Nova Iorque falar com o Jake, e vai falar com a Mara. Até lá iremos nos conter.
-Ui! Ele está num estado de contensão. Está mas é com tensão se é que me entendem. – Disse a Di provocando gargalhadas em todas.

O Rafa passou novamente pela cozinha para regressar ao jardim, e todas tentaram conter os risos.
-Porque é que estão a olhar assim para mim? – Perguntou confuso.
-Nada, não lhes ligues. – Disse-lhe. - Não queres ajudar a pôr a mesa?
-Está bem. Onde é que está a toalha?
-Está nessa gaveta atrás de ti – Respondeu a Tixa.

-Queres que eu ajude padinho? – Perguntou a Madalena ao entrar na cozinha.
-Isso mesmo princesa, só tu me compreendes. – Pegou na menina e deu-lhe um beijinho no pescoço. - Ajudas o padrinho a pôr a toalha na mesa?
-Sim! – Respondeu toda contente.
-Boa! Vamos lá então. – Pegou na sua mãozinha e saíram.
-Pst! Estás cá? – Chamou a Tixa ao ver que eu estava a olhar fixamente para eles.
-Hã? Sim! Eu estava só a…
-Eu sei. É lindo não é? – Olhei para ela e nem precisei de dizer nada.

Finalmente o almoço ficou pronto e seguimos para o alpendre, onde almoçámos e nós mantivemos a conversar após o almoço.