11/07/2017 Terça. 08:30h
Acordei, e em vez de encontrar o
Rafa do meu lado, encontrei um bilhete, ou melhor, um talão do pingo doce que
tinha uma mensagem no verso:
‘’Bom dia coisa
feia.
Eu tive que sair, o trabalho não espera.
De qualquer maneira não podia ir embora sem antes te dizer uma coisa muito importante… Aqui vai:
Deixe-te panquecas com chantilly e morango no frigorífico!
…
Gostavas não é? Fica para mais logo! Tens pão em cima da mesa, leite, manteiga e fiambre no frigorífico.
Beijos
Eu… Tu sabes!‘’
Eu tive que sair, o trabalho não espera.
De qualquer maneira não podia ir embora sem antes te dizer uma coisa muito importante… Aqui vai:
Deixe-te panquecas com chantilly e morango no frigorífico!
…
Gostavas não é? Fica para mais logo! Tens pão em cima da mesa, leite, manteiga e fiambre no frigorífico.
Beijos
Eu… Tu sabes!‘’
Enfim. Aquele sorriso parvo do
costume invadiu-me o rosto, porém depressa se desvaneceu quando olhei para o relógio.
Vesti-me a correr e fiz a travessia criminosa para o meu quarto que estava
trancado por dentro. Depois de vestir o pijama abri a porta e fui até á
cozinha, onde já estavam os meus pais preparados para sair.
-Bom dia. – Disse lhes.
-Bom
dia querida. – Respondeu o meu pai.
-Bom
dia. Ainda bem que já acordaste, eu ia pedir-te um favor. – Disse a minha mãe á medida que se apressava
para sair. - Precisava que fosses às compras hoje, a lista está ali em cima
da bancada. Leva o teu irmão, para ver se ele não fica trancado no quarto a
jogar.
-Está
bem, vão lá.
Eles saíram e eu sentei-me na mesa a tomar o pequeno-almoço, depois de servir o Brown.
-Bom
dia! – Apareceu o meu irmão na cozinha,
já vestido e muito animado.
-Bom
dia. – Respondi com um ar admirado. –
Vais a algum lado?
-ya,
vou andar de skate com o Felipe e a Dani.
-Ah
sim? E com a autorização de quem?
-Aish!
É só aqui na rua! Os pais deixam sempre!
-De
certeza?
-Sim!
Eu já não sou nenhuma criança.
-Claro
que não. – Ri-me. – Olha que é mesmo
só aqui na rua! Eu tenho de ir ás compras, por isso tens de ter juízo.
-Juízo
é o meu nome do meio.
-Sei.
Assim que acabei de comer conduzi
até ao supermercado que tava tal e qual como me lembrava. Fiz as compras e
voltei para casa. Depois de assobiar inúmeras vezes para o meu querido irmão me
ajudar a levar as compras para cima, continuou a brincar com o skate no fundo
da rua como se tivesse ouvidos de pedra. Enfim, putos! Lá tive eu que carregar
tudo sozinha.
15:00 – Depois de almoço.
O Ricardo entrou em casa e eu já
estava a preparar o sermão.
-Ouve
lá meu menino, mas isto é assim? Deixas o telemóvel em casa, não apareces para
almoçar! Onde é que estiveste?
-Oh,
eu queria vir, mas a mãe do Felipe insistiu para eu almoçar com eles, eu não
consegui dizer que não. Desculpa.
-Desta
vez passa. Mas para a próxima avisas, eu fiquei preocupada!
-Eu
sei desculpa, não volta a acontecer mana. Posso ir para o meu quarto?
-Vai
lá.
Eu fui também para o meu, e
comecei a procurar anúncios de casas para alugar nas redondezas, o que fez
lembrar o Jake. Senti-me tão culpada que parei de procurar. Mais tarde ou mais
cedo eu tinha de o enfrentar. Não podia continuar a ignorar as chamadas, a
fingir que não se estava a passar nada.
Mas a verdade é que o fiz, passou-se um mês e eu continuei a fingir que não tinha um namorado, e a manter um romance mais que proibido que, apesar de me fazer feliz, me tornava numa pessoa que eu não podia nem queria ser. E assim se passou um mês, com entrevistas de trabalho, com muita praia e passeios, com uma gripe pelo meio que foi compensada com noites quentes (não me referindo ao tempo).
Mas a verdade é que o fiz, passou-se um mês e eu continuei a fingir que não tinha um namorado, e a manter um romance mais que proibido que, apesar de me fazer feliz, me tornava numa pessoa que eu não podia nem queria ser. E assim se passou um mês, com entrevistas de trabalho, com muita praia e passeios, com uma gripe pelo meio que foi compensada com noites quentes (não me referindo ao tempo).
10.08.2017 – Sábado.
Estava um calor insuportável,
naqueles dias de pleno verão, e a Tixa e o Rui convidaram nos a todos para
irmos passar um fim-de-semana à Ericeira, uma vez que a Madalena fazia 4 anos
no Domingo.
-Fogo,
é sempre a mesma coisa! Vocês vão se divertir e eu vou ficar aqui à seca. Até o
cão vai e eu não! – Refilava o Ricardo
enquanto eu me preparava para ir ter com o Rafa.
-Não
sejas assim! Vais para a próxima. - Dirigi-me
à cozinha para comer qualquer coisa. – Que cheiro é este?
-Qual
cheiro? – Perguntou o meu irmão que me
tinha seguido até à cozinha.
-Este!
– Peguei na taça da marmelada e quase
que vomitei. – Que horror!
-Tás
doente ou quê? Não cheira a nada! Eu ainda há bocado comi.
-Arruma
a taça no frigorífico então. Eu vou andando. Porta-te bem, ouviste?
-Que
remédio.
Peguei na mochila, chamei o Brown e
saí, dirigindo-me à porta do lado.
-Já estás
pronta? – Perguntou o Rafa ao abrir a
porta.
-Sim,
e porque é que eu acho que tu ainda estavas a dormir?
-Não
estavas cá tu para me manter acordado. – Agarrou
na minha mochila e puxou-me para dentro, à medida que se aproximava para me
beijar.
-Vamos…
– Interrompi – Parar por aqui que a
Di já deve estar à nossa espera.
-Eu
tenho de ir tomar um duche rápido, queres vir? – Perguntou.
-Eu
já tomei. Já fizeste o teu saco?
-Podias
fazer me tu, tens mais jeito.
-Olha-me
este! Grande lata ouve lá.
-É
verdade princesa. - Agarrou-me por trás
e beijou-me o pescoço. – Eu esqueço me sempre de alguma coisa.
-Pois,
dá graxa dá. – Beijei-o uma última vez e
empurrei-o para a casa de banho.
-As
cenas de higiene estão aqui na casa de banho. – Gritou da banheira.
-A
Mara vai? – Perguntei-lhe enquanto
tirava as coisas do armário da casa de banho.
-Achas
que sim? Eu quero estar contigo. E dormir contigo, (espreitou pela cortina) e
fazer outras coisas contigo.
Beijei-lhe a cara cheia de espuma
e saí da casa de banho.
Ele acabou o duche enquanto eu lhe
preparava o saco, e assim que nos despachamos, pegámos nos sacos, no Brown e saímos
em direção à casa da Diana.
-A
que horas é que combinaste com ela? – Perguntou-me
já no carro.
-Às
10. Eu vou dar-lhe um toque para ela ir descendo.
-Bom
dia malta! – Disse a Di ao entrar no
carro.
-Bom
dia! – Respondemos.
-Rafa!
Que saudades! – Disse dando um abraço ao
Brown, o que me fez rir.
-Eh
eh. Estamos engraçadas hoje! – Refilou o
Rafael.
-Sabes
como é Rafinha, o meu amor por ti é incondicional.
-Junta-te
à lista de espera. – Gozou.
-Tu
és tão parvalhão! – Disse, rindo-me.
– Di, fecha mais um bocadinho a janela do Brown para ele não pôr a cabeça
de fora.
Continuámos a viagem com picardias
e muita música e finalmente chegámos à Ericeira. Assim que estacionámos veio a
Maddie a correr para o Portão.
-Padinhooo!!!
– Gritava à medida que o Rafa andava na
sua direção.
-Quem
é esta piolha feia? – Disse ao pegar a
menina ao colo.
-Sou
eu! – Gritou.
-És
tu? – Mandou-a ao ar à medida que ela
lançava fortes gargalhadas.
-Então
pessoal, entrem. – Veio o Rui chamar-nos.
– Rafa, ela acabou de tomar o pequeno-almoço vê lá se recebes um presentinho na
camisola.
-O
papá está com inveja, não está? – Disse
o Rafa. – Faz-lhe o que o padrinho ensinou (deitou-lhe a língua de fora).
-O
padrinho só te ensina coisas boas não haja duvida. – Riu-se.
Entrámos, e já estava a Tixa a
preparar as coisas para o almoço, uma autêntica dona de casa! O Rafa foi para o
jardim onde ficou a brincar com o Brown e a Maddie enquanto o Rui limpava a
piscina. Eu e a Di dirigimo-nos à cozinha para ajudar a Tixa com o almoço.
-Então,
o que vamos fazer? – Perguntou a Di.
-Bacalhau
com natas. O Bacalhau já está cozido e desfiado, as batatas também já estão
prontas, falta só fazer o molho bechámel e depois vai ao forno.
-Sim
senhora! Estás a ficar melhor na cozinha, estou a ver. – Comentei.
-Teve
de ser, senão o meu marido ainda me troca por uma cozinheira. – Rimo-nos. – Rita tira-me aí as natas, o
leite e o sumo de limão que estão no frigorífico.
Assim que peguei no sumo de limão
senti a barriga a andar às voltas e levei a mão à boca.
-Rita?
O que é que foi? – Perguntou a Tixa.
-Nada,
acho que o cheiro do limão me deixou meio enjoada. Isto deve ainda ser efeitos
da gripe.
-Mas
tu já não estavas melhor?
-Eu
sei lá! Mas vá, esqueçam. Tens aí espinafres? – Perguntei.
-Sim,
estão no fundo do frigorífico.
-Vou
fazer um esparregado para acompanhar o bacalhau. A Marisa vem?
-Vem…
E não vem sozinha!
-Hã?
Como assim? - Perguntámos eu e a Di
confusas.
Tocam à campainha.
-Por
falar nela… Rui, abre o portão!
-Bom
diaaa! – Disse a Marisa ao chegar à
cozinha com… o Nando!
-Não
acredito!!! – Gritou a Di.
–Finalmenteeee!!!
Parabéns!! – Disse-lhes dando um forte
abraço a cada um. – Fico tão feliz por vocês.
-Obrigada!
– Disse a Marisa com um sorriso enorme e
ainda de mão dada com o Nando que se encontrava igualmente sorridente. – Bom,
mas vamos lá cozinhar, o que é que estão a fazer?
-Nando,
podes ir para o jardim, estão lá os machos da casa. – Disse a Tixa, divertida.
-Sim senhora. – Respondeu o Nando esboçando um sorriso tímido.
Continuámos na nossa aventura
culinária, e eu fui buscar o leite ao frigorífico para acrescentar ao
esparregado. No momento em que estava a tirar o leite do frigorifico o Rafa
passou pela cozinha, apalpou-me o rabo, mordeu-me a orelha e dirigiu-se para a
sala. Quando me virei tinha as três a olhar para mim o que me deixou
envergonhada.
-Oh…Meu…Deus!
– Disse a Marisa com um sorriso
espantado.
-É que vocês ainda não viram nada. – Interveio a Di. - Ele veio o caminho
todo no carro com a mão em cima da perna da Rita.
-Oh
meninas eu… - Tentei dizer alguma coisa
mas não sabia o que dizer.
Quando elas me viram atrapalhada e
um tanto quanto corada desmancharam-se a rir.
-Rita,
não faz mal amor. Não precisas de te justificar! – Disse a Tixa. - Nós só não estávamos à espera.
-Sim,
não precisas de ficar assim que nós já sabíamos. E nada me deixa mais feliz!! –
Disse a Di.
-Mas
nós vamos fazer isto da maneira correta. Eu estou a ganhar coragem para ir a
Nova Iorque falar com o Jake, e vai falar com a Mara. Até lá iremos nos conter.
-Ui!
Ele está num estado de contensão. Está mas é com tensão se é que me entendem. –
Disse a Di provocando gargalhadas em
todas.
O Rafa passou novamente pela
cozinha para regressar ao jardim, e todas tentaram conter os risos.
-Porque
é que estão a olhar assim para mim? – Perguntou
confuso.
-Nada,
não lhes ligues. – Disse-lhe. - Não
queres ajudar a pôr a mesa?
-Está
bem. Onde é que está a toalha?
-Está
nessa gaveta atrás de ti – Respondeu a
Tixa.
-Queres
que eu ajude padinho? – Perguntou a Madalena ao entrar na
cozinha.
-Isso
mesmo princesa, só tu me compreendes. –
Pegou na menina e deu-lhe um beijinho no pescoço. - Ajudas o padrinho a pôr
a toalha na mesa?
-Sim! – Respondeu toda contente.
-Boa!
Vamos lá então. – Pegou na sua mãozinha
e saíram.
-Pst!
Estás cá? – Chamou a Tixa ao ver que eu
estava a olhar fixamente para eles.
-Hã?
Sim! Eu estava só a…
-Eu
sei. É lindo não é? – Olhei para ela e
nem precisei de dizer nada.
Finalmente o almoço ficou pronto e
seguimos para o alpendre, onde almoçámos e nós mantivemos a conversar após o
almoço.