Assim que entrei deu-me um aperto no coração, uma vez que não entrava ali há anos e a ultima vez tinha sido no dia do casamento do Bruno, isto é, no dia em que o Rafa se foi embora. Reparei que estava bastante diferente, as paredes estavam agora pintadas de azul, o sofá clássico de cabedal tinha sido substituído por uns puffs azuis e brancos, que estavam à frente de um plasma enorme. A casa de família que eu conhecia era agora um apartamento espaçoso, jovem, repleto de objectos relacionados com o mar, praia, e surf.
-Bem, está definitivamente…diferente. – Disse. – O que é que a tua mãe disse sobre a mudança?
-Ela ainda só viu por fotografias, mas não se importou.
-Ela nunca mais veio cá?
-Não, eu é que lá vou. Normalmente vou uma, duas vezes por mês. Ela adora aquilo. E desde que nasceu o Paulinho não sai de lá nem por nada.
-Ainda bem… De certa forma ajudou-a a ultrapassar a morte do te…
-Tens preferência pela casa de banho? – Interrompeu-me.
-Não, desde que não seja a mesma que a tua. – Respondi.
-Tens assim tanto medo de me ver nu? – Disse com um sorriso provocador.
-Não, tu é que não me resistes por isso é melhor assim. – Respondi, entrando na brincadeira.
-Uii. Deve ser deve. Não és assim tão boa, bebé.
-Pois não. Por isso é que não tiraste os olhos, quando estava na piscina.
-Eu só olho para a minha namorada. – Disse, á medida que tirava a T-shirt.
-Noiva. – Corrigi.
-Ou isso. – Depois de mandar a T-shirt para o chão, começou a despir os calções.
-Vais-te despir aqui?!
-E porque não?
-Como queiras, não me faz qualquer diferença.
-Claro que não. – Disse, já de boxers. – Toma na casa de banho comum, eu tomo na do meu quarto.
-Está bem. – Disse e dirigi-me para lá de seguida. Quando cheguei comecei a despir o top e os calções, e ia despir o biquíni quando…
-Toma, tens aqui toalhas. – Disse o Rafa ao entrar de repente.
-Já batias, não?
-Não estás nua, pois não?.
-Mas podia estar.
-Mas não estás. Complicada pá. Não demores 3 horas como de costume.
-Ainda estás aqui?! – Disse para o irritar, fechando a porta de seguida.
Tirei o biquíni entrei no banho decidida a tirar o óleo que estava espalhado por todo o corpo e tentei não ter pensamentos errados…Se é que era possível naquela situação. ‘’Mas o que é que eu estou aqui a fazer?!’’ ‘’Estás a arranjar lenha para te queimar Ana Rita’’ ‘’Pára de pensar nele!!’’ Eram os meus pensamentos no duche. Estes pensamentos foram interrompidos por:
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!! –Gritei, saindo do poliban ainda coberta de gel de banho e embrulhando-me na toalha.
-O que foi?! – Entrou o Rafa rapidamente, segurando a toalha que tinha enrolada à cintura.
– O que é que se passa??
-ESTÁ UMA ALI UMA ARANHA! RAFA! – Disse, desesperada, apontando para o poliban.
-Rita…Isso tudo por uma aranha? A sério…? – Perguntou super calmo, contrastando com o meu tom acelerado.
-MATA-A! ESTÁ ALI…
-Mas ali onde?
-Na parede, lá dentro.
Ele desligou o chuveiro, e entrou no poliban para poder encontrar a dita aranha.
-AIISSSHH! TÃO GRANDE! – Disse, no gozo. – Isto é um aranhiço de nada sua medricas. Tem mais medo de ti do que tu dele.
Pegou na aranha e esticou o braço na minha direcção, o que me fez soltar mais um grito. De seguida meteu-a no lavatório e ligou a torneira.
-Pronto. Já está. – Virou-se para mim ainda com aquele sorriso de gozo. –Estás a chorar?! - Disse, ao ver-me sentada na sanita a tentar controlar a respiração.
-Não. – Disse, ainda a soluçar.
-Hey, hey, olha para mim. – Disse, já preocupado, ficando de joelhos à minha frente. - Já passou, não está aqui aranha nenhuma. Tem calma. Eu nunca pensei que ainda tivesses essa fobia.
-Tu és tão estúpido.
-Eu sei, desculpa. – Deu-me um beijo no rosto e abraçou-me de seguida.
Uma vez que eu ainda tinha shampoo no cabelo e gel de banho no corpo, ele ficou com o queixo cheio de espuma, o que me fez rir. Peguei na outra toalha e passei no seu rosto, devagar. Ele pegou na minha mão, tirou a toalha que pousou no chão, e fez festinhas, acabando por entrelaçar os nossos dedos. Ambos em silêncio, só se ouvia o som das nossas respirações. Ele aproximou-se prestes a beijar-me, e eu levantei-me, deixando-o ajoelhado. Aproximei-me do poliban, e de costas para ele, deixei cair a toalha que cobria o meu corpo. Sob o seu olhar atento, liguei o chuveiro e entrei. Ao contrário do que eu estava à espera, ele levantou-se e saiu da casa de banho, deixando-me surpreendida mas no fundo aliviada. Concentrei-me na água quente do chuveiro, até que senti uma mão fria no fundo das minhas costas. O Rafa estava no poliban, atrás de mim, já sem toalha, e eu nem sequer o tinha visto entrar. Desviou o meu cabelo para um ombro, e começou a dar leves beijos no outro.
-Rafa… - Disse, quase que suspirando.
-Hmm?
-O que é que estás a fazer…?
-Diz-me para parar e eu paro. – Respondeu, continuando a beijar-me o ombro e pescoço.
Virei-me para si, e olhei nos seus olhos, que me fixavam com tanto desejo quanto os meus fixavam os seus. Passei a mão no seu rosto, e ele virou a cara, beijando a minha mão.
-Tu não sabes o quanto eu sonhei com este momento ao longo destes anos… - Disse-lhe.
-É? – Perguntou com um sorriso enorme. – Quem sou eu para te impedir de concretizar os teus sonhos…
-Quando é que vais deixar de ser parvo? – Ri-me.
-Quando deixar de pensar em ti.
Perante a sua resposta mantive-me calada, coloquei os meus braços envolvidos no seu pescoço, e ele respondeu colocando os seus á volta da minha cintura. Ambos debaixo do chuveiro aproximámos os nossos rostos e beijámo-nos como se não houvesse amanhã. Depois do primeiro seguiram-se muitos outros beijos repletos de paixão e desejo.
-Eu sabia. – Disse-lhe com um sorriso.
-O quê? – Perguntou, confuso
-Que não me tinhas esquecido. Soube-o assim que foste ter comigo à casa de banho, hoje à tarde. É verdade… Qual é a nossa cena por casas de banho?
-Não sei… Mas porquê? Queres conhecer o meu quarto? – Perguntou com um sorriso provocador.
-Depende… Tens segundas intenções?
-Segundas, terceiras, quartas... – Disse, pegando-me ao colo.
-Nesse caso... – Ri-me à medida que ele nos levava para o quarto, completamente despidos, a molhar a casa toda.
Quando chegámos mandou-me para cima da enorme cama de casal que se encontrava a meio do quarto, e saltou para cima de mim no momento a seguir. Os nossos corpos colaram-se novamente e senti-o excitado junto a mim. Com algum esforço, e sem separar as nossas bocas consegui virar-nos e fiquei em cima dele, sentada na sua barriga. Beijei-lhe o pescoço, e fui descendo, até ao umbigo.
-Ahh…- Gemeu, quando eu desci mais um pouco.
Agarrou-me nos braços e puxou-me para cima, indo de encontro á sua boca. Entre beijos e caricias entregamos nos um ao outro, apaixonadamente, como se nada tivesse mudado e seis anos não tivessem passado. Após momentos de intenso prazer, caímos esgotados na cama, e adormecemos imediatamente. Acordei passado umas horas, com a cabeça no seu peito, e comecei a beijá-lo mesmo com ele a dormir.
-Hmm… Estás a tentar dar cabo de mim? – Disse ele, ao acordar devagarinho.
Respondi com um sorriso e continuei a beija-lo por todo o rosto e pescoço. Já acordado, começou a corresponder aos meus beijos e fizemos amor novamente, com a mesma intensidade da vez anterior, e acabámos por adormecer só acordando na manha seguinte.
-Hey… - Disse-me, ao dar-me beijinhos para eu acordar.
-Hmm… Quero acordar assim todos os dias.
- Na minha cama? – Perguntou, sem parar com os beijos.
-Depende. Isso é um convite?
-Estás convidada.
-É de manhã! – Disse, agitada, ao olhar para a janela.
-Sim, já me tinha apercebido.
-Eu dormi aqui!
-E disso também.
-Pára de gozar parvo, eu estou a falar a sério. Os meus pais devem estar preocupados, era suposto eu ter ido só despejar o lixo, lembras-te?
-Diz lá que eu não sou um anjo…
-Como assim?
-Eu avisei o teu irmão ontem que te tinha visto lá em baixo e que tu tinhas ido dormir na casa da Diana.
-Quando?!
-Quando te deixei sozinha na casa de banho.
-Ah… E como é que o senhor sabia que eu ia dormir aqui?!
-Vi nos teus olhos. Dá para ver que não me resistes.
-Ai sim? – Disse ao envolver os meus braços no seu pescoço.
Beijámos nos mais uma vez, e estávamos a ficar entusiasmados…
-Eu tenho… - Disse ele, entre beijos. – Eu tenho que ir abrir o bar…
-Ah… - Olhei nos seus olhos, sorrindo.
-Eu estou a falar a sério, pára de me olhar assim que eu não respondo por mim.
-Já parei. – Respondi, afastando-me dele.
-Acredita que me está a custar imenso… - Voltou a aproximar-se, fixando-se no meu corpo. – Deixar-te aqui…- Começou a beijar-me a barriga. – Linda… - Subiu para o peito – Na minha cama… - Chegou aos lábios. –MAS… tenho de ir. – Concluiu ao afastar-se repentinamente, e começou-se a vestir.
Permaneci deitada a observá-lo, e ele olhava-me com um sorriso á medida que se vestia.
-Dorme mais um bocadinho, ainda é cedo. – Disse-me, ao dar um beijo de despedida. – Estão umas chaves na caixa ao lado da televisão.
-Está bem… Bom trabalho… - Disse-lhe, e este saiu de seguida.
-Só mais um. – Disse ao voltar apressado, dando-me mais um beijo.
-Parvinho. – Ri-me. – Pira-te mas é.
Olhou para trás com um sorriso e saiu de vez. Agarrei-me á sua almofada, com o seu cheiro, e voltei a adormecer, sem dificuldade.