domingo, 12 de fevereiro de 2012

Capítulo 42 - MATA-A!


Assim que entrei deu-me um aperto no coração, uma vez que não entrava ali há anos e a ultima vez tinha sido no dia do casamento do Bruno, isto é, no dia em que o Rafa se foi embora. Reparei que estava bastante diferente, as paredes estavam agora pintadas de azul, o sofá clássico de cabedal tinha sido substituído por uns puffs azuis e brancos, que estavam à frente de um plasma enorme. A casa de família que eu conhecia era agora um apartamento espaçoso, jovem, repleto de objectos relacionados com o mar, praia, e surf. 

-Bem, está definitivamente…diferente. – Disse. – O que é que a tua mãe disse sobre a mudança?

-Ela ainda só viu por fotografias, mas não se importou.

-Ela nunca mais veio cá?

-Não, eu é que lá vou. Normalmente vou uma, duas vezes por mês. Ela adora aquilo. E desde que nasceu o Paulinho não sai de lá nem por nada.

-Ainda bem… De certa forma ajudou-a a ultrapassar a morte do te…

-Tens preferência pela casa de banho? – Interrompeu-me.

-Não, desde que não seja a mesma que a tua. – Respondi.

-Tens assim tanto medo de me ver nu? – Disse com um sorriso provocador.

-Não, tu é que não me resistes por isso é melhor assim. – Respondi, entrando na brincadeira.

-Uii. Deve ser deve. Não és assim tão boa, bebé.

-Pois não. Por isso é que não tiraste os olhos, quando estava na piscina.

-Eu só olho para a minha namorada. – Disse, á medida que tirava a T-shirt.

-Noiva. – Corrigi.

-Ou isso. – Depois de mandar a T-shirt para o chão, começou a despir os calções.

-Vais-te despir aqui?!

-E porque não?

-Como queiras, não me faz qualquer diferença.

-Claro que não. – Disse, já de boxers. – Toma na casa de banho comum, eu tomo na do meu quarto.

-Está bem. – Disse e dirigi-me para lá de seguida. Quando cheguei comecei a despir o top e os calções, e ia despir o biquíni quando…

-Toma, tens aqui toalhas. – Disse o Rafa ao entrar de repente.

-Já batias, não?

-Não estás nua, pois não?.

-Mas podia estar.

-Mas não estás. Complicada pá. Não demores 3 horas como de costume.

-
Ainda estás aqui?! – Disse para o irritar, fechando a porta de seguida.

Tirei o biquíni entrei no banho decidida a tirar o óleo que estava espalhado por todo o corpo e tentei não ter pensamentos errados…Se é que era possível naquela situação. ‘’Mas o que é que eu estou aqui a fazer?!’’ ‘’Estás a arranjar lenha para te queimar Ana Rita’’ ‘’Pára de pensar nele!!’’ Eram os meus pensamentos no duche. Estes pensamentos foram interrompidos por:

-
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!! –Gritei, saindo do poliban ainda coberta de gel de banho e embrulhando-me na toalha.

-O que foi?! – Entrou o Rafa rapidamente, segurando a toalha que tinha enrolada à cintura.

– O que é que se passa??

-ESTÁ UMA ALI UMA ARANHA! RAFA! – Disse, desesperada, apontando para o poliban.

-Rita…Isso tudo por uma aranha? A sério…? – Perguntou super calmo, contrastando com o meu tom acelerado.

-MATA-A! ESTÁ ALI…

-Mas ali onde?

-Na parede, lá dentro.

Ele desligou o chuveiro, e entrou no poliban para poder encontrar a dita aranha.

-AIISSSHH! TÃO GRANDE! – Disse, no gozo. – Isto é um aranhiço de nada sua medricas. Tem mais medo de ti do que tu dele.

Pegou na aranha e esticou o braço na minha direcção, o que me fez soltar mais um grito. De seguida meteu-a no lavatório e ligou a torneira.

-Pronto. Já está.  – Virou-se para mim ainda com aquele sorriso de gozo. –Estás a chorar?! - Disse, ao ver-me sentada na sanita a tentar controlar a respiração.

-Não. – Disse, ainda a soluçar.

-Hey, hey, olha para mim. – Disse, já preocupado, ficando de joelhos à minha frente. - Já passou, não está aqui aranha nenhuma. Tem calma. Eu nunca pensei que ainda tivesses essa fobia.

-Tu és tão estúpido.

-Eu sei, desculpa. – Deu-me um beijo no rosto e abraçou-me de seguida.

Uma vez que eu ainda tinha shampoo no cabelo e gel de banho no corpo, ele ficou com o queixo cheio de espuma, o que me fez rir. Peguei na outra toalha e passei no seu rosto, devagar. Ele pegou na minha mão, tirou a toalha que pousou no chão, e fez festinhas, acabando por entrelaçar os nossos dedos. Ambos em silêncio, só se ouvia o som das nossas respirações. Ele aproximou-se prestes a beijar-me, e eu levantei-me, deixando-o ajoelhado. Aproximei-me do poliban, e de costas para ele, deixei cair a toalha que cobria o meu corpo. Sob o seu olhar atento, liguei o chuveiro e entrei. Ao contrário do que eu estava à espera, ele levantou-se e saiu da casa de banho, deixando-me surpreendida mas no fundo aliviada. Concentrei-me na água quente do chuveiro, até que senti uma mão fria no fundo das minhas costas. O Rafa estava no poliban, atrás de mim, já sem toalha, e eu nem sequer o tinha visto entrar. Desviou o meu cabelo para um ombro, e começou a dar leves beijos no outro.

-Rafa… - Disse, quase que suspirando.

-Hmm?

-O que é que estás a fazer…?

-Diz-me para parar e eu paro. – Respondeu, continuando a beijar-me o ombro e pescoço.

Virei-me para si, e olhei nos seus olhos, que me fixavam com tanto desejo quanto os meus fixavam os seus. Passei a mão no seu rosto, e ele virou a cara, beijando a minha mão.  

-Tu não sabes o quanto eu sonhei com este momento ao longo destes anos… - Disse-lhe.

-É? – Perguntou com um sorriso enorme. – Quem sou eu para te impedir de concretizar os teus sonhos…

-Quando é que vais deixar de ser parvo? – Ri-me.

-Quando deixar de pensar em ti.

Perante a sua resposta mantive-me calada, coloquei os meus braços envolvidos no seu pescoço, e ele respondeu colocando os seus á volta da minha cintura. Ambos debaixo do chuveiro aproximámos os nossos rostos e beijámo-nos como se não houvesse amanhã. Depois do primeiro seguiram-se muitos outros beijos repletos de paixão e desejo.

-Eu sabia. – Disse-lhe com um sorriso.

-
O quê? – Perguntou, confuso

-Que não me tinhas esquecido. Soube-o assim que foste ter comigo à casa de banho, hoje à tarde. É verdade… Qual é a nossa cena por casas de banho?

-Não sei… Mas porquê? Queres conhecer o meu quarto? – Perguntou com um sorriso provocador.

-Depende… Tens segundas intenções?

-Segundas, terceiras, quartas... – Disse, pegando-me ao colo.

-Nesse caso... – Ri-me à medida que ele nos levava para o quarto, completamente despidos, a molhar a casa toda.

Quando chegámos mandou-me para cima da enorme cama de casal que se encontrava a meio do quarto, e saltou para cima de mim no momento a seguir. Os nossos corpos colaram-se novamente e senti-o excitado junto a mim. Com algum esforço, e sem separar as nossas bocas consegui virar-nos e fiquei em cima dele, sentada na sua barriga. Beijei-lhe o pescoço, e fui descendo, até ao umbigo.

-
Ahh…- Gemeu, quando eu desci mais um pouco.

Agarrou-me nos braços e puxou-me para cima, indo de encontro á sua boca. Entre beijos e caricias entregamos nos um ao outro, apaixonadamente, como se nada tivesse mudado e seis anos não tivessem passado. Após momentos de intenso prazer, caímos esgotados na cama, e adormecemos imediatamente. Acordei passado umas horas, com a cabeça no seu peito, e comecei a beijá-lo mesmo com ele a dormir.

-Hmm… Estás a tentar dar cabo de mim? – Disse ele, ao acordar devagarinho.

Respondi com um sorriso e continuei a beija-lo por todo o rosto e pescoço. Já acordado, começou a corresponder aos meus beijos e fizemos amor novamente, com a mesma intensidade da vez anterior, e acabámos por adormecer só acordando na manha seguinte.

-Hey… - Disse-me, ao dar-me beijinhos para eu acordar.

-Hmm… Quero acordar assim todos os dias.

- Na minha cama? – Perguntou, sem parar com os beijos.

-Depende. Isso é um convite?

-Estás convidada.

-É de manhã! – Disse, agitada, ao olhar para a janela.

-Sim, já me tinha apercebido.

-Eu dormi aqui!

-E disso também.

-Pára de gozar parvo, eu estou a falar a sério. Os meus pais devem estar preocupados, era suposto eu ter ido só despejar o lixo, lembras-te?

-Diz lá que eu não sou um anjo…

-Como assim?

-Eu avisei o teu irmão ontem que te tinha visto lá em baixo e que tu tinhas ido dormir na casa da Diana.

-Quando?!

-Quando te deixei sozinha na casa de banho.

-Ah… E como é que o senhor sabia que eu ia dormir aqui?!

-Vi nos teus olhos. Dá para ver que não me resistes.

-Ai sim? – Disse ao envolver os meus braços no seu pescoço.

Beijámos nos mais uma vez, e estávamos a ficar entusiasmados…

-Eu tenho… - Disse ele, entre beijos. – Eu tenho que ir abrir o bar…

-Ah… - Olhei nos seus olhos, sorrindo.

-Eu estou a falar a sério, pára de me olhar assim que eu não respondo por mim.

-Já parei. – Respondi, afastando-me dele.

-Acredita que me está a custar imenso… - Voltou a aproximar-se, fixando-se no meu corpo. – Deixar-te aqui…- Começou a beijar-me a barriga. – Linda… - Subiu para o peito – Na minha cama… - Chegou aos lábios. –MAS… tenho de ir. – Concluiu ao afastar-se repentinamente, e começou-se a vestir.

Permaneci deitada a observá-lo, e ele olhava-me com um sorriso á medida que se vestia.

-Dorme mais um bocadinho, ainda é cedo. – Disse-me, ao dar um beijo de despedida. – Estão umas chaves na caixa ao lado da televisão. 

-Está bem… Bom trabalho… - Disse-lhe, e este saiu de seguida.

-Só mais um. – Disse ao voltar apressado, dando-me mais um beijo.

-Parvinho. – Ri-me. – Pira-te mas é.

Olhou para trás com um sorriso e saiu de vez. Agarrei-me á sua almofada, com o seu cheiro, e voltei a adormecer, sem dificuldade.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Capítulo 41 - Desculpa.


Depois do almoço eu e as meninas levantámos a mesa e fomos novamente para a cozinha, arrumar as coisas. Os rapazes ajudaram a levantar a mesa, e depois foram novamente para o jardim, jogar às cartas. A Maddie estava a dormir no sofá, e o Brown andava á nossa volta, a tentar apanhar os restos da carne. Ah, já me esquecia da Mara, que continuava a passear pelo jardim com o seu biquíni quase inexistente.

- O raio da rapariga parece que saiu da Maxmen. – Disse a Marisa.

-O que é que se passa convosco hoje? Tomaram uma dose de insegurança? A miúda é um palito.

-Palito ou não, está ali a exibir-se ao pé do meu marido e isso não me agrada nada. – Disse a Tixa.

Olhámos as 4 pela janela da cozinha que dava para o jardim, e á nossa frente estava o Rafa a despir a T-shirt. Enquanto as raparigas se fixavam na Mara e se certificavam que os outros não olhavam para ela, eu não consegui tirar os olhos do Rafael… Encontrava-se agora de calções, com o seu corpo moreno e bem trabalhado ali á minha frente. As tatuagens, que era algo que me era desconhecido, ainda lhe davam um toque mais espectacular. ‘’Rita…?! Acorda! Ele é passado… Ele é passado…’’ – Pensei.

-Meninas, sabem que mais? – Disse-lhes. – Podemos ficar aqui o dia todo a olhar para ela, ou podemos vestir os biquínis e ir para ali fazer-lhe concorrência, o que acham?

-Eláá! Assim é que é. Bora lá! – Disse a Di.

-Têm razão, vamos.

-Aish. Agora é que eu me lembrei, eu não trouxe o meu. – Lembrei-me.

-Isso não é problema, o que não falta no armário são biquínis. – Disse-me a Tixa. – Vai lá ao quarto e escolhe.

-Eu já tenho o meu vestido. – Disse a Marisa

-Eu também. – Concordou a Di.

-Então vão indo, eu já lá vou ter. – Disse-lhes.

As meninas despiram as roupas e foram para o jardim, enquanto eu fui ao quarto vestir um biquíni da Tixa. Escolhi um Branco, e desci. Quando cheguei ao jardim estava a Tixa ao colo do Rui, o Rafa a falar com eles, a Marisa na piscina na brincadeira com o Nando, a Di fazer uma competição de mergulhos com o meu irmão, e a Mara numa das espreguiçadeiras a trabalhar para o bronze. Passei pelo Rafa que me olhou de cima a baixo, e dei um mergulho na piscina. Tentei não pensar nele, mas nem a água me arrefeceu, pois o seu corpo não me saía da cabeça. Saí da piscina, e sentei-me numa das espreguiçadeiras a pôr creme nas pernas. Não consegui evitar olhar para ele, e percebi que ele também me fixava. Olhávamos nos fixamente, como se não estivesse ali mais ninguém. O Rui chamava-o e ele só ouviu quando este lhe deu um grito, o que me fez rir. Eu já não sabia o que fazer para não olhar para ele, e por isso calcei as havaianas e saí do jardim. Subi as escadas e fui á casa de banho, onde permaneci em frente ao espelho a culpar-me pelos meus pensamentos. Baixei a cabeça para lavar a cara, e quando me endireitei e encarei o espelho estava lá o Rafa, atrás de mim, o que me fez pular de susto.

-Rafa! Ai… Queres-me matar de susto? – Perguntei e virei-me, ficando de frente para ele. 

-Desculpa. – Sorriu, pegou na toalha e percorreu o meu rosto, secando-o. Seguindo para o pescoço, o peito…

-O que… O que é que estás a fazer? Eu sei-me secar sozinha, Rafael.

-Voltaste ao Rafael? Chama-me Rafa, Rita… Sempre chamaste.

-As coisas já não são como eram.

-Tu estás ainda mais bonita, sabias?

-A tua noiva está lá em baixo, porque é que não lhe dizes isso?

-Tens razão, é melhor. – Disse, pousando a toalha no lavatório e dirigindo-se à porta.

-Rafa…! – Chamei. – Espera… Desculpa. Eu odeio estar chateada contigo.

-Continua… - Disse, voltando atrás com um sorriso no rosto.

-
Desculpa por ontem… 

-Eu também peço desculpa. – Colocou-me o cabelo atrás da orelha, e deu-me um beijo no rosto.

-Tu também…

-Também o quê?

-Também estás ainda mais bonito, se é que isso é possível.

Olhámo-nos nos olhos durante segundos, e ele puxou-me para si, abraçando-me. Retribuí o abraço, e pousei a cabeça no seu ombro, dando-lhe leves beijos junto ao pescoço, enquanto ele mexia no meu cabelo. O calor do seu corpo colado ao meu deixava-me cada vez mais nervosa. As suas mãos quentes percorriam as minhas costas e preparavam-se para desatar o laço…

‘’Alguém sabe onde está o Rafael?!’’ Ouvimos a voz da Mara do jardim.

-Acho que é para ti. – Disse-lhe.

-É… Acho que sim. – Respirou fundo, deu-me um beijo na testa e saiu da casa de banho sem olhar para trás.

‘’Ahh! Estás aqui!’’ Ouvi-a, e já estava a imaginá-la a agarrá-lo…A beijá-lo… Só de pensar que ele poderia estar a beijá-la naquele momento… Bati com a cabeça levemente na porta, e depois de uns segundos ganhei coragem para voltar para o jardim. Assim o fiz, e tal como havia imaginado, a Mara estava em cima do Rafa, numa espreguiçadeira. Tentei não olhar, e sentei-me á mesa com o Rui, a Tixa, e a Di, que estavam a jogar póquer.

-Amor, vai ver a menina, ela se calhar já acordou. – Disse a Tixa ao Rui.

-Não deve ter acordado, senão já andava aqui a passear.

-Vai lá amor… - Dá lhe um beijo no canto da boca.

-Estou a ir, minha chata.

Assim que o Rui saiu da mesa, a Tixa e a Di aproximaram-se de mim.

-Ok, agora vais-nos esclarecer. Algo me diz que o teu desaparecimento, e o do Rafa ao mesmo tempo não pode ser coincidência. – Disse a Tixa.

-Vocês estiveram a falar? – Perguntou a Di.

-Estivemos… Tivemos uma conversa de amigos, e pedimos desculpa pela discussão de ontem.

-Ainda Bem, o ambiente estava de cortar á faca. – Disse a Tixa.

-E foi só uma conversa de amigos? – Perguntou a Di. – É que ele ainda não parou de olhar para ti.

-Vocês parem de dizer essas coisas, porque a noiva dele está ali, e se ela ouve ainda lhe arranjamos problemas.

-Eu estou só a constatar um facto. Ele olha para ti como nunca olhou para ela.

-A pulguinha ainda está a dormir, eu fui deitá-la no quarto. – Disse o Rui quando voltou. – Já podemos ir para a sala, vamos ver um filme.

-Por mim, pode ser. – Disse a Di.

-Sim, por mim também. – Concordei.

-Então vamos dizer-lhes. – Disse a Tixa. – Pessoal, querem ir ver um filme?

-Bora. – Disse o Rafa, afastando a Mara que estava em cima dele, para se poder levantar.

Todos os outros concordaram, e fomos todos para a sala. Distribuímo-nos pelos sofás, e alguns ficaram no chão.

-Eu vou fazer pipocas. – Disse a Tixa.

-Eu ajudo. – Disse, e quando estava a passar pelo Rafa, que estava sentado no chão, este esticou o pé e eu ia caindo.

-Não caias! – Disse-me, com ar provocador.

-Estúpido pá. – Peguei numa almofada e mandei-lhe á cara. Ele respondeu-me com um sorriso e eu segui atrás da Tixa.

-Vocês parecem dois adolescentes apaixonados amiga.- Disse-me a Tixa, na cozinha, a rir-se.

-
Não comeces. – Disse-lhe com uma careta. – Estas são doces?

-São, mete essas no microondas.

Preparámos as pipocas e fomos ver o filme. Ou pelo menos tentámos, uma vez que o Rafa e o Rui se divertiam a manda-las cada vez que apanhavam uma boca aberta. O Rafa conseguiu acertar na boca do Ricardo que estava a bocejar, e o Rui na da Marisa que se estava a rir.

-Amor! Fogo, tenho o cabelo cheio de pipocas. – Disse a Mara.

-Desculpa princesa. – Respondeu-lhe o Rafa, ainda a rir-se com o Rui.

-Vocês parecem dois putos. O Ricardo tem menos 10 anos que vocês e está mais sossegado. – Disse a Marisa.

-Eu só não participo porque já sei que não consigo acertar. – Disse o meu irmão a rir-se também com eles.

-É assim mesmo! Choca aí, primo. – Disse o Rafa, estendendo a mão.

-Por mim podem continuar, vão é apanhar as pipocas todas, nem que passem aqui a noite. – Disse a Tixa.

-
Elá… Vamos passar a noite a apanhar pipocas Ruizinho. O sonho de uma vida. – Disse o Rafa com uma voz fininha, a piscar o olho e mandar beijinhos ao Rui. O Rui entrou na brincadeira e já nos estávamos todos a rir com as suas figuras.


Passou-se assim o serão, entre risadas e parvoíces. Acabou por ficar tarde e preparámo-nos para ir embora. Arrumámos tudo, e o trabalho de apanhar as pipocas não foi assim tão difícil uma vez que o Brown já se tinha divertido a pescá-las. Despedimo-nos e caminhámos para os respectivos carros. O Rui, com a Maddie ao colo já acordada, foi com a Tixa para a carrinha, o Nando foi na sua mota, a Marisa levou a Di no seu carro, o Rafa levou a namorada, e eu fui com o Ricardo e o Brown no carro do meu pai.
 
Depois de um longo caminho na conversa com o meu irmão, chegámos a casa e eu fui ajudar a minha mãe com o jantar.

-
Ricardo, anda meter a mesa. – Mandou a minha mãe.

-
Que seca. – Respondeu ao entrar na cozinha.

-
Deixa de ser preguiçoso. Então como foi lá o surf? Quem ganhou?

-
Foi bué fixe!!! – Disse entusiasmado. – Mas o Rafa como caiu ficou em terceiro lugar.

-Caiu? E aleijou-se?

-Não, acho que foi só uma cena qualquer no dedo. 

-Uma ruptura de ligamentos. – Corrigi.

-Ele está ali em casa? Se calhar é melhor ir lá ver se ele precisa de alguma coisa.

-Não, acho que não é preciso. Mas posso contar ou não? – Disse o Ricardo.

-Vá, conta lá.

Começou a falar da prova de surf, e continuou durante todo o jantar. Na verdade já todos estávamos fartos de ouvir, mas toda a gente se fingiu de muito interessada. Depois do jantar e de arrumar a cozinha, vesti um leve casaco e fui despejar o lixo. Dei a volta ao prédio, e depois de por o saco num dos caixotes, reparei que estava o Rafa mais á frente, a mexer na mota.

-
Buhh. – Disse, quando cheguei por detrás dele.

-Ui. A senhora é assustadora á brava. – Disse.

-Andas a mexer na tua menina?

-Numa delas, sim. – Disse, parando por um segundo de mexer na mota e olhando-me nos olhos, com um sorriso.

-Oh…Uau… Estás tão limpinho. Já viste essas mãos?

-
Quais? Estas? – Disse, levantando as mãos e aproximando-se de mim.

-
Rafa… - Disse, dando passos para trás. – RAFA! NÃO!

Este esfregou as suas mãos nas minhas bochechas, e preparava-se para me sujar toda, se eu não lhe agarrasse as mãos. Originou-se ali uma mini luta de braços, em que ele tentava alcançar o meu rosto.

-Ahhhhh... Ahhh…. – Começou a queixar-se e eu larguei-lhe as mãos imediatamente.

-Que foi? – Perguntei preocupada – Aleijei-te no dedo? Rafa?

Este permaneceu calado, de cabeça baixa e agarrado à mão, e eu baixei-me, aflita, com medo de o ter aleijado.

-Rafa? Então? Foi o dedo?

De repente, ele endireitou-se, envolveu o seu braço na minha cintura e puxou-me contra si, sem me dar hipótese de me mover, e com a outra mão, espalhava óleo pela minha cara, pescoço, e tudo o que ele alcançava.  

-
Tu és tão totó. – Disse, rindo-se á gargalhada.

-
E tu és tão estupido! PÁRAA! – Respondi-lhe à medida que tentava fugir da sua mão completamente preta, e ia soltando também risos, no meio de insultos.

-Vá, vou-te largar. Queres que eu te largue? – Disse, ainda agarrando me com força.

-SIM!

-De certeza?

-Rafa, eu vou te bater!!

-
Assim não te largo. – Disse, rindo-se. Porém, depois de ver a minha cara que exprimia fúria, largou-me e afastou-se rapidamente para que eu não me vingasse.

-
Olha para mim! – Disse, olhando para a minha figura. – Já viste o que fizeste?

-Uma obra de arte. – Gozou.

-
Que parvo… Como é que eu vou entrar em casa assim Rafael?!

-Há uma banheira na minha casa. – Continuou com o seu olhar provocador.

-Sim, claro. É já a seguir.

-Eu compreendo que tenhas medo, porque sabes que não consegues resistir-me.

-Ah ah ah! Deixa-me rir. És tão modesto. Será que tu não mudaste nem um bocadinho?!

-Claro que mudei. Eu até te mostrava no quê, mas é melhor não.

-O qu…?! PARVO! – Dei-lhe um empurrão.

-Agora a sério, podes tirar isso lá a casa, se a tia te vê a entrar assim vai começar a fazer perguntas.

-Ah, e achas que ela não faz se me vir a entrar de cabelo molhado?!

-É para isso que existem os secadores oh pré-histórica.

-
E quando chegar digo que apanhei trânsito para os caixotes, daí ter demorado duas horas!  

-Anda lá e cala-te. Eu aproveito e tomo também.

-HÃÃ?! – Perguntei, indignada.

-Na outra casa de banho! Achas mesmo que eu ia tomar banho contigo? Estava a pôr em risco a minha segurança. – Disse, á medida que abria a porta do prédio.

-Ainda bem que sabes! – Respondi-lhe, rindo-me.

Subimos até ao 2ºandar, e entrámos em sua casa.