Capítulo 21 – Estão a apagar o fogo.

Sexta, 31/12/2010

10:15 – Cozinha.

-Bom dia. (Digo meio ensonada, ao entrar na cozinha)

-Bom dia. Ricardo, estás a comer! Não mexas na tartaruga.

-Ela está a olhar para mim, mãe. Acho que tem fome. Posso lhe dar o comer?

-Ela já comeu. Come tu agora. O leite daqui a bocado fica frio e já não o queres. Rita, a que horas é que é a festa?

-É só a partir das dez da noite, mas eu vou já depois do pequeno-almoço.

-Para quê tão cedo?

-Para ajudar a preparar as coisas.

-Mas esse rapaz não é aquele que tem muitos empregados?

-Oh mãe! Mas eles também têm família, não estão a trabalhar hoje.

-Pois, tens razão.

-Vá até amanha. Feliz ano novo! (Despedi-me da minha mãe, e do meu irmão) Diz ao pai que eu lhe mandei um beijinho.  

Ao sair do prédio, vi o Rafa, que estava no pátio, cheio de óleo a mexer na mota.

-Rafa… Eu vou para a casa do Miguel.

-Ok. (Respondeu, com os olhos fixados na mota)

-Vá lá. Eu não quero entrar em 2011 chateada contigo.

Olha para para mim, sem dizer uma palavra. Dirige-se a mim com um leve sorriso, dá me um beijo na testa e entra no prédio.

-O que é que isso quer dizer? (Pergunto, confusa, e sem obter resposta da sua parte)

Ele entrou no prédio, e eu fiquei ali especada a vê-lo entrar. Quando me apercebi que ele não voltava atrás, caminhei até á paragem onde apanhei o autocarro para a casa do Miguel. Nesta já estavam a Diana, a Marisa, e o Nando.

Rita: Bom Dia minha gente!

Marisa e Diana: Bom Dia!

Depois de cumprimentar as meninas, vi o Nando a descer as escadas, com umas caixas na mão.

Nando: Olha quem é ela! (Pousa as caixas no fundo das escadas, e caminha na minha direcção.)

Rita: Digo o mesmo seu desaparecido! (Caminho também na sua direcção, e partilhamos um abraço apertado quando os nossos caminhos se cruzam)

Nando: Como é que estás?

Rita: Estou bem. Estava cheia de saudades tuas!

Miguel: Oh pessoal, têm tempo para isso na festa. Há mais caixas para trazer pra baixo, toca a andar. (Diz, num tom de gozo)

Rita: Sim senhor general!

Diana: Não tens tempo nem para me dar um beijinho é? (Dirige-se ao namorado que depressa pousa as caixas para a beijar)

Nando: Quer dizer, para isso já há tempo seu explorador do caraças.

Miguel: Vai bugiar pá. (Continua a namorar)

Marisa: A Tixa? Ela não disse que vinha?

Rita: Pois. Mas ela foi dormir a casa do Rui. Primeiro que saia de lá…

Marisa: Ah. Já estou a ver. É só alegria.

Rita: Os sofás são para tirar, não são?

Miguel: Sim, tiramos quase tudo. O que não couber no escritório metemos na garagem. Depois metemos puffs espalhados pela sala, e mesas baixinhas no meio deles.

Nando: Como é que vai ser com a música?

Miguel: Vem um amigo meu DJ, que trata disso. Eu tenho os aparelhos de som no escritório, ele depois vê como quer fazer. Eu acho que a única coisa que tenho que ir comprar, são as comidas e bebidas que as que eu tenho no bar não chegam. 

Diana: Então vá, eu vou contigo comprar.

Miguel: As cenas estão todas no sótão. Vocês, safam-se?

Rita: Siim! Vai lá, não te preocupes.

18:50

Tixa: Boa Tarde.. Desculpem só ter chegado agora, mas o Rui estava de cama, e eu tive a cuidar dele.

Marisa: Então, mas o que é que ele tem?  

Tixa: Está com gripe. De manha não tinha forças nem para se levantar. Mas Já está melhor.

Rita: Mas ele vem, não é?

Tixa: Sim, em princípio sim. O que é que eu faço?

Marisa: Já está quase tudo. O Miguel e o amigo já instalaram os aparelhos de som, as mesas já estão postas, os copos e as bebidas estão no bar.. A única coisa que falta é por as comidas todas nos pratos, de resto está tudo.

Tixa: A Di e o Miguel?

Nando: Estão a apagar o fogo.

Tixa: Hã??

Rita: Não estás bem a ver como estão aqueles dois hoje. Ainda não se largaram nem um bocadinho. Agora foram á garagem ver não sei o quê, e ainda não voltaram.

Nando: Tou pra ver logo á noite… Vai ser só amor.

Rita: Não fales nisso á frente da Di que ela está super nervosa.

Nando: Eu não. Se o Miguel me ouve diz logo que eu não tenho nada a ver com isso.

Miguel (Ao entrar na sala): Não tens nada a ver com o que?

Nando: Com as musicas que o teu amigo vai por.

Miguel: Pois, deve ser isso deve.

Diana: Então Tixa, demoraste tanto porque? Passou-se alguma coisa?

Tixa: Nada de grave, eu já te explico.

Miguel: Pessoal, querem vir pó sótão?

Rita: Porque? É onde guardas os brinquedos?

Miguel: Que gracinha. Antes era, agora é mais um salão de jogos.

Rita, Diana, Tixa, Marisa: Singstar primeiro!

Nando: O que?! Era o que mais faltava. PES e não se fala mais nisso. Miguel! Ouve aqui o teu amigo não ligues a estas pindéricas.

Diana: Miguel…Amor… (A fazer-lhe olhinhos)

Miguel: Epá, elas são a maioria, jogamos primeiro o singstar e depois jogamos outros.

Nando: Tshii.. Estou feito contigo. Dirige-se à Diana à medida que subíamos as escadas: Qé isso pá? Essa jogada foi muito baixa.

Diana: Cada um joga com o que tem ahah (Deitando-lhe a língua de fora).

Ficámos a cantar, a jogar e a conversar, e depois fomos nos vestir para a festa. Eu e as meninas vestimos a roupa que tínhamos comprado juntas. Optámos por roupa branca para nos fornecer paz, e cuecas vermelhas (a roupa branca não era transparente) para a paixão, claro. Não é que nós acreditássemos nestas superstições, mas mal também não deviam fazer.