21/09/2010, Terça.
Dia seguinte, escola:
-Fogo, ainda bem que tivemos furo. Que sorte. Íamos chegar atrasadas.
-Pois é… Ainda Bem.
-Di…Tu tens que falar sobre o que se passou, não podes fechar-te dessa maneira.
-Eu sei. Vamos nos sentar naquele banco e eu conto-te com calma.
-Ok.
-Como eu te tinha dito, eu fui até casa dele para lhe fazer a surpresa dos bilhetes. Eu toquei, e quem me atendeu foi a empregada da família dele, que me disse que ele tinha ido jantar com a namorada, Joana. Eu achei que ela tivesse a fazer confusão, então vim cá para fora e esperei, fiquei sentada num canto até ele chegar. E aí vi-o a abraçar e beijar uma rapariga. Sem que pudesse evitar já estava a chorar. Tentei ir esconder-me para ele não me ver, mas ele viu, e veio atrás de mim. O pior Rita… O pior é que ele nem se tentou explicar. Disse que aquela rapariga era filha duma família amiga da família dele, e que namorava com ela á muitos anos e que não a ia deixar. Que apesar de ter gostado de estar comigo, fui apenas uma diversão. E depois entrou no prédio com a namorada, e eu liguei-te, o resto já sabes.
-Como é que ele foi capaz?!! Que porco! Agora faz tudo sentido! O Miguel estava a tentar proteger-te!
-O Miguel…? Tás a falar do que?
-Lembras-te do dia em que tu começaste a namorar com o JP?
-Infelizmente lembro-me como se fosse ontem. Mas porque?
-Quando tu e o JP se estavam a beijar do outro lado da pista, o Miguel foi para a casa de banho, e depois o Nando foi atrás dele. Nós deduzimos logo que ele gostava de ti. Mais tarde o JP foi ter com eles e voltou ferido na cara. De certeza que o Miguel sabia o que ele andava a fazer e discutiram! Ele tentou proteger-te.
-Mas ele não tinha batido no lavatório?! Porque é que vocês não me contaram isto na altura??
-Oh, tu tavas bué feliz, nós não queríamos estragar a tua felicidade. E pensámos que ele estivesse só com ciúmes. Espera aí… Mas se o Miguel sabia quer dizer que… Não pode ser…
-Rita, tem calma. Ele podia não saber.
-É claro que o Nando sabia! Ele estava lá! E não fez nada… Eu não acredito.
-Fala com ele primeiro, não tires conclusões precipitadas.
-Podes crer que vou falar!
Assim que acabaram as aulas, liguei ao Nando, e pedi-lhe que fosse a minha casa. Queria tirar esta história a limpo.
-Olá amor! (Beijou-me mas não obteve resposta)
-Olá.
-O que é que se passa? Porque é que estás assim comigo?
-Nando, conta-me o que se passou na casa de banho naquele dia em que fomos á pista. E desta vez quero a verdade!
-Mas porque isso agora?
-Tu e o Miguel sabiam que o Nando tinha uma namorada á anos, não sabiam?
-Como é que... Ok, nós sabíamos! Mas tem calma! Ele disse nos que ia acabar!
-Eu não acredito que tu sabias e conseguiste ver Diana a ser enganada daquela maneira!!
-Tem calma!! Deixa-me explicar!
-Então explica-me tudo, sem mentiras!!
-No dia que nós vos conhecemos, no centro comercial, eu gostei logo de ti. E o Miguel gostou da Diana. No fim do dia, ele comentou connosco, que a achava linda e divertida, e que gostou imenso dela. E naquele dia na pista, ele ia convidá-la para sair. Mas o JP antecipou-se. Quando o Miguel percebeu o que ele estava a fazer, eles discutiram na casa de banho e o Miguel perdeu a cabeça e começou a bater no João. Nós avisámos lhe que íamos contar que ele namorava com a Joana, mas ele disse que ia acabar com ela, que eles tavam mal, e que não podíamos contar nada porque ele gostava da Diana.
-Pois! Mas pelos vistos não acabou. A Diana vi-o com a namorada e ele ainda teve coragem de dizer que ela não passou de uma diversão.
-O que?? Amor, eu juro que não sabia. Acredita em mim. E quando o Miguel souber vai se passar, ele gosta mesmo da Diana.
-Tu desiludiste-me Nando…
-Por favor, não digas isso. Tu não sabes o quanto te amo. Mas eu nunca pensei que isso fosse acontecer. Eu sabia que ele sempre foi mulherengo, mas eu pensava que com a Diana era diferente. Ele é meu amigo, tens que compreender.
-E eu sou tua namorada…
-Eu sei, eu errei. Eu devia-te ter contado. Perdoa-me.
-Não é só a mim que tens que pedir perdão. É á Diana.
-Eu sei. E eu juro que lhe vou pedir. Eu lamento muito o que ele lhe fez.
-Nando…Eu preciso de um tempo. Eu não estou a acabar. Só preciso de um tempo sozinha, mais nada.
-Ok, eu compreendo. Mas eu quero que saibas que te amo, e que vou ficar á tua espera.
-Está Bem.
Deu me um beijo na cara e saiu. Eu fui para o meu quarto. Estava demasiado confusa. As palavras que a Di tinha dito na noite anterior não me saíam da cabeça. ‘’Eu percebo agora porque o amas.’’ E mesmo quando eu estava a pensar nele, ele apareceu:
-Rita, tens aí cola que me emprestes? É que eu preciso para o trabalh…O que é que tens??
-Está na segunda gaveta da secretária.
-Porque é que estás assim? E escusas de disfarçar que eu sei perfeitamente quando estiveste a chorar.
-Não é nada.
-É por causa da Di? Olha, se for preciso eu vou falar com ele. Eu ajudo.
-Abraça-me.
Deu-me um abraço apertado, e eu mantive a minha cabeça no seu ombro ao mesmo tempo que dizia:
-Obrigada.
-Pelo que?
-Por existires.
Dando-me carinhosos beijos no pescoço, respondeu:
-Eu não existiria sem ti, por isso é a ti que tens de agradecer.
Com a minha cabeça sobre o seu peito, ficámos a conversar na minha cama ao mesmo tempo que brincávamos com os nossos dedos entrelaçados:
-E lembras-te daquela vez que eu bati a um miúdo quando te tirou as moletas? Ele desde aí nunca mais se meteu contigo.
-Lembro, eu tinha torcido o pé. Tu ainda te lembras disso?! Nós tínhamos uns 7 ou 8 anos.
-Lembro, na verdade eu não me esqueci de nada.
Gerou-se um olhar profundo entre nós que foi interrompido pelo chamamento da minha mãe:
-Rita! Vem jantar.
-Bom, eu vou andando que já sabemos que os papás nos matam se nos apanham aqui sozinhos.
-Sim, até amanha.
Quando ele se preparava para ir embora, chamei-o:
-Rafa!
-Sim?
-Eu também não me esqueci de nada.
Dá me um enorme sorriso e responde:
-Eu sei que não.
Oh meu deus isto está perfeitooooooo :o
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