Afastámos nos quando ouvimos a sua voz, mas já era tarde demais, a minha mãe tinha acabado de nos ver aos beijos pela segunda vez e eu fiquei sem reacção, sem conseguir dizer nada.
-Tia, tem calma, a culpa foi minha. Eu é que vim aqui e a beijei.
-Mas como é que…? Como é que tu entraste?
-Pela janela.
-Pela janela?!! Mas vocês têm noção do que andam a fazer? Nós sempre achámos que não passava de uma brincadeira de crianças, mas isto já foi longe demais!
-Não é brincadeira nenhuma mãe, nós gostamos um do outro, sempre gostámos. – Digo a medo.
-E eu que sempre disse ao teu pai que estava a exagerar, que era passageiro, e afinal… Bom, esta conversa acaba aqui. Eu ainda vou pensar no que fazer. Rafael, vai para casa.
-Tia…
-Amanha conversamos todos sobre isto, agora vai para casa.
Ele olhou para mim e de seguida dirigiu-se á janela.
-Rafael… - Diz a minha mãe - Pela porta!!
-Ah…Pois, sim... - Volta para trás e assim o faz.
-Mãe…
Dirigiu-se á janela, fechou-a á chave, e levou-a consigo.
-Vem jantar. – Respondeu friamente.
03/01/2011
07:35
-Bom Dia. – Digo ao entrar na cozinha.
-Bom Dia filha. – Responde o meu pai. Pelo tom utilizado deu para perceber que ainda não sabia de nada. Já a minha mãe, mal olhava para mim. – Já vais para a escola?
-Sim, até logo. – Peguei numa sandes de fiambre que coloquei na mala, bebi um pouco de sumo de laranja e saí.
Desci o elevador, e caminhei até às traseiras do prédio, onde costuma estar estacionada a mota do Rafa. Ao passar a esquina, vi que ele já estava lá sentado, com o seu casaco de cabedal e com um ar descontraído característico da sua personalidade. Como que um reflexo, mal o vi, senti as lágrimas a percorrem-me o rosto. Ele levantou-se rapidamente da mota e veio a caminhar na minha direcção, com um ar preocupado.
-Hey, hey, então? – Com as duas mãos no meu rosto, deu-me um leve beijo na testa. – Pára já com isso Rita! Olha para mim.
Tirei os olhos do chão e levantei a cabeça, concentrando-me nos seus olhos.
-Nós ainda não sabemos o que vai acontecer, não podes ficar assim.
-Eu sei que seja o que for, nos vai separar. Como é que tu consegues estar tão calmo?
-Eu estou calmo porque eu sei que nada me vai fazer deixar de gostar de ti. E contra isso não podem fazer nada. E se tu não parares de chorar eu juro que te pego ao colo outra vez, por isso fecha lá a torneira.
-Está Bem… – Ri-me.
-Assim está melhor. – Deu-me um beijo no pescoço e colocou-me o capacete. – O primeiro dia de aulas espera-nos! Calma… Eu disse isto?
-Disseste.
-Vês o que faz tu começares para aí a chorar? É disto.
08:00– Na escola.
Chegámos e dirigimo-nos á Di, que estava no bar a tomar o pequeno-almoço.
-Di, como é que é que ficou aquilo de ontem? Eu era para te ligar, mas depois aconteceu uma coisa e eu nem me lembrei.
-Ficou tudo bem, não se preocupem. Ele teve algumas tonturas, mas fora isso ficou bem.
-E tu, estás melhor?
-Sim, já passou. E vocês, que caras são essas?
-Longa história, eu conto-vos mais logo. – Respondo.
-Boom Diia! – Chega a Marisa.
-Ehh láá… Tanta alegria no primeiro dia de aulas. – Brinca a Diana.
-Estás doente, só pode.
-Oh, acordei bem-disposta! Vocês também…
-É tão divertido implicar contigo. – Diz o Rafa ao mandar-lhe um papelzinho machucado.
-Parvo! – Manda o papel de volta.
-Não ligues Marisca. Anda, senta-te aqui.
-A Tixa? – Pergunta a Diana.
-Ela foi dormir a casa do Rui, acho eu. – Responde a Marisa.
-Qualquer dia é o casamento. – Digo.
-Também acho, e eu quero ser a madrinha! – Vira-se a Marisa entusiasmada.
-És a menina das alianças e já vais com sorte. – Implica o Rafa.
-Eu mato-o! Acho que hoje vais ficar sem primo Ritinha.
-Nem me digas nada… - Respondo.
-Hmm… Eu estava a brincar amiga. O que é que me está aqui a escapar?
-Por falar em casamento! – Interrompe o Rafa. - O meu irmão casa já depois de amanha!
-E vai casar cá, ou na terra da noiva dele?
-Cá, mas depois vão para lá viver.
-Bom Dia...! Chega a Tixa ofegante.
-Bom Dia! Vieste a correr?
-Sim, pensava que já tinha tocado, depois é que vos vi aqui.
-Não tocou mas deve estar quase, vamos andando para cima.
Fomos para as aulas, e durante o intervalo contei-lhes o que se tinha passado. No fim da tarde, quando acabaram as aulas, fui para casa. Quando cheguei, estavam na sala os meus pais e os meus tios, que me pediram para ir chamar o Rafa á casa do lado.
-Rita… Passa-se alguma coisa. – Diz ao abrir a porta.
-Pois, eu sei. Eles estão todos lá em casa, e pediram para te vir chamar.
-Não era disso que eu estava a falar. Eu tenho as malas feitas em cima da minha cama amor.
-Tu tens… Espera. O quê?!!
Uuuuh, isto promete ;D
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