domingo, 2 de outubro de 2011

Capítulo 8 – Percebeste tudo mal!


Uma semana depois. Sexta, 01/10/2010

Vou buscar o meu irmão á escola, e no caminho para casa vejo o Nando á porta do meu prédio.

-Olá…

-Olá.

-Nós precisamos de falar.

-Eu sei, vamos subir.

Em casa:

-Mana, posso ir jogar computador?

-Agora não que eu vou para o meu quarto, vai brincar um bocadinho no teu quarto que já vais.

-Oh, tá bem. Mas depois jogo 3 jogos.

-Elá! Tantos? Assim é que é. (Diz o Nando passando a mão pelo cabelo do Ricardo)

-Vamos para o quarto conversar.

(Já no quarto cria-se um clima pesado)

-Eu não disse nada estes dias, para te dar espaço…Eu não quero pressionar-te. Mas tens que entender que eu não podia dizer nada…Não tinha nada a ver comigo. Perdoa-me.

-Nando…Eu fiquei um bocado desiludida por não teres dito nada, a mim ou à Di, mas acho que no meu interior usei isso como desculpa…

-Como desculpa? Como assim?

-Como desculpa para ficar um tempo afastada e pensar bem no que eu quero fazer.

-Mas estava tudo a correr bué bem. Tu não me amas é isso?

-Eu não disse isso. Tu és especial para mim. Mas eu amo outra pessoa.

-De certeza?

-Sim. Ele já fazia parte de mim antes de te conhecer, e eu percebi que não vale a pena lutar contra o que sinto, percebes?

-Eu compreendo…Ainda por cima mora mesmo ao teu lado. Torna-se difícil de competir.

-Como é que tu…?

-Deu para perceber que ele gostava de ti. Nem me podia ver á frente. Eu nunca pensei é que sentisses o mesmo.

-Desculpa…Eu gosto tanto de ti. A sério, nunca duvides disso.

-Não duvido. E eu vou estar sempre ao teu lado. Mesmo que seja como amigo. Eu amo-te miúda. 

-Eu também. Anda cá.

Enquanto nos abraçávamos olhei para a janela e reparei que o Rafa estava lá, a olhar para nós com um ar magoado. Quando percebeu que o tinha visto, virou as costas e deixei de o ver. Dirigi-me á janela o mais rápido possível mas ele já havia saltado.

-Rafa! (Chamei, mas sem obter resposta) Não acredito…Ele percebeu tudo mal!

-Tem calma Rita. Se quiseres eu vou lá falar com ele.

-Não. Não é preciso. Eu vou lá falar com ele.

-Ok. Eu vou indo. Alguma coisa liga.

-Obrigada por tudo Nando. Cada vez me surpreendes mais como pessoa. Nunca mudes.

-Antes de ser teu namorado era teu amigo, e não é agora que vou deixar de o ser. Fica Bem. (Dá me um beijo na testa e desce no elevador. E eu segui para tocar na porta ao lado)

-Então tia, tudo bem?

-Sim querida. O teu primo está no quarto. Juizinho! Bem…

-Tia! Credo. Vamos ter uma conversa de primos, só isso.

-Sim, está bem. Vai lá.

A porta do quarto estava trancada. Eu bati com esperanças que ele abrisse.

-Rafa? Abre a porta… Percebeste tudo mal, abre lá.

Ele abriu e voltou a deitar-se sem dizer uma palavra. Sentei-me no fundo da cama e fiz-lhes festas na perna que ele desviou rapidamente.

- Tu percebeste tudo mal. Aquilo era um abraço de amizade. (Ele não respondeu e nem sequer olhou para mim) Fogo Rafa, olha para mim! Tu conheces-me melhor que ninguém, eu amo-te caramba. Pára de ser ciumento.

-Ciumento?! Eu sei muito bem o que vi! Ainda falavas tu de mim! Eu posso ter muitas miúdas, mas quando estou contigo, estou só contigo. Se pensas que eu vou ser o suplente do teu namoradinho estás muito enganada!

-Eu não acredito que tu disseste isso… Mas o que é que tu viste afinal?! Para tua informação eu tinha acabado de dizer que é de ti que eu gosto! Se tivesses lá durante a conversa toda terias percebido isso.

-O que eu vi chegou para perceber! Eu ouvi muito bem ele a dizer que te amava e tu a corresponderes! Se não me tivesses visto se calhar já estariam aos beijos! Fica com o teu amor mas é.

-Então fico contigo! Porque tu és e sempre foste o meu amor Rafa! (Aproximei-me dele e tentei beijá-lo, mas ele virou a cara) Tudo bem. Faz como quiseres. Eu pensei que me conhecias melhor. Lamento.

Saí do quarto e voltei para minha casa. Nem queria acreditar que aquilo tinha acabado de acontecer. O Rafa e eu sempre discutimos muito, mas passado uns minutos já estávamos bem. Desta vez era diferente. E tudo por causa de um mal entendido. Passou o fim-de-semana, e não nos vimos porque ele foi passá-lo á Ericeira com uns amigos do surf. Eu fiquei em casa a estudar, ou pelo menos a tentar estudar.

Segunda, 04/10/2010 (escola)

-Reparei que vieste de camioneta. O Rafa hoje não vem?

-Vem. Mas está chatiado comigo.

-O Rafa chatiado contigo?? O que é que se passou?

-Nem me digas nada! Parece uma história de novelas. Eu conto-te tudo no próximo intervalo. Então e tu e o Miguel? Vocês têm andado a sair não é?

-Sim…Ele é o melhor rapaz que eu já conheci. É tão querido. E entende-me.

-Ui! Há amor no ar?

-Oh. Eu gostava. Mas não estou apaixonada por ele. Pelo menos por enquanto.

-Que pena. Ele parece gostar mesmo de ti.

-Eu sei. Se eu pudesse escolher, gostava dele. Mas parece que tenho um íman que atrai idiotas.

-Não digas isso parva. Apaixonas-te quando tiveres que te apaixonar, não há pressa.

-Tens razão. Olha, a stora já está a ir para a sala. Fogo, nunca mais tropeça nas escadas e fica ali para a eternidade.

-Era bom, era. Vá, bora lá. 

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