Uma semana depois. Sexta, 01/10/2010
Vou buscar o meu irmão á escola, e no caminho para casa vejo o Nando á porta do meu prédio.
-Olá…
-Olá.
-Nós precisamos de falar.
-Eu sei, vamos subir.
Em casa:
-Mana, posso ir jogar computador?
-Agora não que eu vou para o meu quarto, vai brincar um bocadinho no teu quarto que já vais.
-Oh, tá bem. Mas depois jogo 3 jogos.
-Elá! Tantos? Assim é que é. (Diz o Nando passando a mão pelo cabelo do Ricardo)
-Vamos para o quarto conversar.
(Já no quarto cria-se um clima pesado)
-Eu não disse nada estes dias, para te dar espaço…Eu não quero pressionar-te. Mas tens que entender que eu não podia dizer nada…Não tinha nada a ver comigo. Perdoa-me.
-Nando…Eu fiquei um bocado desiludida por não teres dito nada, a mim ou à Di, mas acho que no meu interior usei isso como desculpa…
-Como desculpa? Como assim?
-Como desculpa para ficar um tempo afastada e pensar bem no que eu quero fazer.
-Mas estava tudo a correr bué bem. Tu não me amas é isso?
-Eu não disse isso. Tu és especial para mim. Mas eu amo outra pessoa.
-De certeza?
-Sim. Ele já fazia parte de mim antes de te conhecer, e eu percebi que não vale a pena lutar contra o que sinto, percebes?
-Eu compreendo…Ainda por cima mora mesmo ao teu lado. Torna-se difícil de competir.
-Como é que tu…?
-Deu para perceber que ele gostava de ti. Nem me podia ver á frente. Eu nunca pensei é que sentisses o mesmo.
-Desculpa…Eu gosto tanto de ti. A sério, nunca duvides disso.
-Não duvido. E eu vou estar sempre ao teu lado. Mesmo que seja como amigo. Eu amo-te miúda.
-Eu também. Anda cá.
Enquanto nos abraçávamos olhei para a janela e reparei que o Rafa estava lá, a olhar para nós com um ar magoado. Quando percebeu que o tinha visto, virou as costas e deixei de o ver. Dirigi-me á janela o mais rápido possível mas ele já havia saltado.
-Rafa! (Chamei, mas sem obter resposta) Não acredito…Ele percebeu tudo mal!
-Tem calma Rita. Se quiseres eu vou lá falar com ele.
-Não. Não é preciso. Eu vou lá falar com ele.
-Ok. Eu vou indo. Alguma coisa liga.
-Obrigada por tudo Nando. Cada vez me surpreendes mais como pessoa. Nunca mudes.
-Antes de ser teu namorado era teu amigo, e não é agora que vou deixar de o ser. Fica Bem. (Dá me um beijo na testa e desce no elevador. E eu segui para tocar na porta ao lado)
-Então tia, tudo bem?
-Sim querida. O teu primo está no quarto. Juizinho! Bem…
-Tia! Credo. Vamos ter uma conversa de primos, só isso.
-Sim, está bem. Vai lá.
A porta do quarto estava trancada. Eu bati com esperanças que ele abrisse.
-Rafa? Abre a porta… Percebeste tudo mal, abre lá.
Ele abriu e voltou a deitar-se sem dizer uma palavra. Sentei-me no fundo da cama e fiz-lhes festas na perna que ele desviou rapidamente.
- Tu percebeste tudo mal. Aquilo era um abraço de amizade. (Ele não respondeu e nem sequer olhou para mim) Fogo Rafa, olha para mim! Tu conheces-me melhor que ninguém, eu amo-te caramba. Pára de ser ciumento.
-Ciumento?! Eu sei muito bem o que vi! Ainda falavas tu de mim! Eu posso ter muitas miúdas, mas quando estou contigo, estou só contigo. Se pensas que eu vou ser o suplente do teu namoradinho estás muito enganada!
-Eu não acredito que tu disseste isso… Mas o que é que tu viste afinal?! Para tua informação eu tinha acabado de dizer que é de ti que eu gosto! Se tivesses lá durante a conversa toda terias percebido isso.
-O que eu vi chegou para perceber! Eu ouvi muito bem ele a dizer que te amava e tu a corresponderes! Se não me tivesses visto se calhar já estariam aos beijos! Fica com o teu amor mas é.
-Então fico contigo! Porque tu és e sempre foste o meu amor Rafa! (Aproximei-me dele e tentei beijá-lo, mas ele virou a cara) Tudo bem. Faz como quiseres. Eu pensei que me conhecias melhor. Lamento.
Saí do quarto e voltei para minha casa. Nem queria acreditar que aquilo tinha acabado de acontecer. O Rafa e eu sempre discutimos muito, mas passado uns minutos já estávamos bem. Desta vez era diferente. E tudo por causa de um mal entendido. Passou o fim-de-semana, e não nos vimos porque ele foi passá-lo á Ericeira com uns amigos do surf. Eu fiquei em casa a estudar, ou pelo menos a tentar estudar.
Segunda, 04/10/2010 (escola)
-Reparei que vieste de camioneta. O Rafa hoje não vem?
-Vem. Mas está chatiado comigo.
-O Rafa chatiado contigo?? O que é que se passou?
-Nem me digas nada! Parece uma história de novelas. Eu conto-te tudo no próximo intervalo. Então e tu e o Miguel? Vocês têm andado a sair não é?
-Sim…Ele é o melhor rapaz que eu já conheci. É tão querido. E entende-me.
-Ui! Há amor no ar?
-Oh. Eu gostava. Mas não estou apaixonada por ele. Pelo menos por enquanto.
-Que pena. Ele parece gostar mesmo de ti.
-Eu sei. Se eu pudesse escolher, gostava dele. Mas parece que tenho um íman que atrai idiotas.
-Não digas isso parva. Apaixonas-te quando tiveres que te apaixonar, não há pressa.
-Tens razão. Olha, a stora já está a ir para a sala. Fogo, nunca mais tropeça nas escadas e fica ali para a eternidade.
-Era bom, era. Vá, bora lá.
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