domingo, 2 de outubro de 2011

Capítulo 30 – A Chave?!

Apanhámos o comboio, e visitámos quase todas as paragens. Corremos, cantámos, contámos histórias e piadas, falámos com pessoas estranhas e também conhecidas, e acima de tudo passámos tempo juntas. Com a minha máquina fotográfica sempre ao pescoço, tirei fotografias, vídeos, e mais fotografias. Almoçámos em Oeiras e passámos a tarde em Belém, onde visitámos todos os museus, ruas, e claro, comemos pastéis de nata. Por fim, ficámos o resto da tarde sentadas na relva do jardim.

20:10

Marisa:
Qual é o giz mais barato?

Tixa:
Hãã… Qual?

Marisa:
O de marca branca. – Rimo-nos.

Diana:
Ahah! Que parva!

Marisa:
Isto tem piada porque não tem piada! – Ri-se.

Tixa:
Vocês já decidiram o que vão fazer? – Pergunta pensativa.

Diana:
Não, mas eu gostava de ir comer qualquer coisinha.

Tixa:
Não é isso tonta!! Fazer no futuro, quando acabarmos o 12ºano.

Marisa:
Eu já decidi á muito tempo. Mesmo que os meus pais embirrem, eu vou tentar entrar no mundo do espectáculo. E se não for aqui, é lá fora, mas tenho que tentar. Quero tirar um curso de representação, e fazer disso uma profissão.

Rita:
Eu tenho a certeza que vais conseguir, tu já fazes teatro, e és muito boa.

Marisa:
Oh… - Dá-me um beijo no rosto. – E vocês?

Tixa:
Eu quero casar com o Rui. – Diz sorridente e apaixonada.

Todas:
Uhhh…

Tixa:
Parem oh! Até parece que vocês não querem casar.

Diana:
Eu amo o Miguel, mas ainda é muito cedo para pensar em casamento!

Marisa:
Eu ainda estou bem longe de pensar nisso. Nem sequer estou apaixonada. E quero me concentrar no meu sonho.

Diana:
Eu sempre gostei de desporto, mas também de psicologia, por isso vou para psicologia e depois especializo-me em psicologia desportiva. Esta é a primeira opção, se não der, vou ver se entro em marketing ou publicidade. E tu Maria?

Rita:
Eu quero fazer uma pausa, tirar um curso de fotografia, fazer uma viagem qualquer, aprender coisas novas, e quando voltar vou para a universidade.

Tixa:
Tu sempre gostaste de fotografia. E já sabes para onde vais?

Rita:
Estava a pensar na Austrália… Eu quero é sair daqui, viver experiências novas.

Diana:
Ainda não foste e eu já morro de saudades! Mas acho que te vai fazer bem para esquecer… Vais ter é que nos ligar todos os dias!

Rita:
Claro que sim! Não conseguiria estar lá sem falar com vocês. Mas ainda temos muito tempo até lá.

Tixa:
Já estamos no 2º período, até ao fim do ano é um instante.

Marisa:
Eu nem acredito que já estamos quase a acabar o 12ºano… Parece que ainda ontem estávamos a entrar no secundário. 

Tixa:
Pois é!

Diana:
Meninas, eu tenho fome! Já são quase horas de jantar. O comboio é a que horas?

Tixa:
Não vamos de comboio, o Rui vem nos cá buscar. E deixa-vos em casa. Ele deve tar quase a sair do curso.

Marisa:
Mas ele não é nosso motorista, andamos a abusar.

Tixa:
Cala-te tonta. Não lhe custa nada. Mas oh Rita, tu não tens que ir à despedida de solteira da Nádia?

Rita:
Sim, mas não me apetece ir. Não estou com disposição para festas.

Diana:
Ele vai-se embora já amanhã?

Rita:
Sim… Quando os noivos forem embora ele vai também. A esta hora já deve ter tudo pronto.

Marisa:
Estás Bem…?

Rita:
Não… - Cai uma lágrima sobre o meu rosto, que é retirada pela mão da Marisa.

Tixa:
Tens que ser forte, nós vamos ao casamento contigo se for preciso. -Abraçaram-me.

O Rui chegou, e levou-nos a casa. Olhei para o meu prédio e apetecia-me fazer tudo, menos entrar. Era como se aquela não fosse mais a minha casa, e não pertencesse ali. Respirei fundo e abri a porta.

-Luís! Ela já chegou. – Grita a minha mãe vindo na minha direcção. – Onde é que tu andaste Ana Rita? Não tens telemóvel?!! Deixaste toda a gente preocupada!!

-Eu fui sair com as minhas amigas mãe.

-E não sabes avisar? Nós ligámos a toda a gente! O teu primo correu tudo á tua procura.

-E desde quando é que andas a faltar ás aulas? Não penses que já fazes o que queres! – Insiste o meu pai.

-Foi só um dia, não vou ser menos boa aluna por faltar um dia.

-O casamento é já amanhã! Tu em vez de ajudar a preparar as coisas, vais sair sabe Deus para onde e com quem. E já esta quase na hora da despedida de solteira da Nádia, vai-te vestir.

-Eu não vou.

-Como assim não vais? A rapariga convidou-te, parece mal não ires!

-Eu não quero saber se parece bem ou mal. Vou para o meu quarto.

-Rita! – Chama, mas eu já havia entrado no quarto e trancado a porta.

05/01/2011

06:45

‘’When I was a young boy, my father took me into the city to see a marching band. He said, Son when you grow up, would you be the savior of the broken, the beaten and the damned?"

Tocou o meu despertador e eu levantei-me. Fui tomar banho, e fiquei meia hora mergulhada na banheira cheia de espuma, com os fones postos a ouvir My Chemical Romance. A minha mãe bate à porta do quarto.

-Rita? Já te levantaste? - Diz, do outro lado da porta uma vez que esta ainda estava trancada.

-Sim! – Gritei da casa de banho para que me ouvisse.

-Despacha-te! Eu vou à casa da tia ajudar, quando tiveres pronta vai lá ter.

Aumentei o volume da música e deixe-me ficar de molho, durante mais alguns minutos. A água começou a ficar fria e eu saí. Passei loções corporais, e vesti o vestido que havia preparado para levar. Era um vestido castanho, largo, que eu apertei na cintura, pondo um cinto florido por cima. Ficava-me acima do joelho, e vesti umas collants transparentes para não morrer de frio. Calcei os botins de salto alto, e depois de vestir o casaco de malha, fui para a casa de banho arranjar-me em frente ao espelho. Não sabia o que fazer ao meu comprido cabelo liso, por isso optei por fazer uma trança para um lado. Depois de me maquilhar, estava pronta a sair, quando…

-Vá lá…Aparece! - A chave da porta não aparecia, e eu não fazia ideia do sítio onde a tinha colocado na noite anterior. Procurei por todo o lado, e nada. Mesmo que quisesse sair pela janela, esta estava trancada desde o dia que a minha mãe a havia trancado e levado a chave consigo. Peguei no meu telemóvel e liguei ao Rafa.

-Estou?

-Rafa, estás em casa?

-Sim, e tu também devias estar se não demorasses um dia a arranjar-te.

-Eu estou trancada no quarto.

-Hã?

-Eu ontem tranquei a porta e não sei onde meti a chave, já procurei por todo o lado.

-Calma, o quarto não tem buracos – Ri-se. – Tem que estar aí.

-Não tem graça, parvo.

-Porque é que não saltas para a minha varanda?

-Porque a janela está trancada também! É a minha mãe que tem a chave.

-Ok Cinderela, eu vou roubar a chave à madrasta má, pode ser? Já te vou aí ajudar a procurar a outra chave.

-Mas o que é que isto tem de divertido? Estúpido pá. Despacha-te.

Desliguei o telemóvel e continuei a procurar a chave. Ouvi um barulho lá fora, era o Rafa que estava com a chave a tentar abrir a janela. A minha sorte era que a janela dava para abrir do lado de fora. Reparei no seu visual. A última vez que o tinha visto de smoking tínhamos 8 anos. Vagas imagens desse dia passaram-me pela cabeça. Lembrei-me de ter gozado com ele nesse dia, e dele se ter vingado, colando uma pastilha no meu cabelo. Não havia nenhuma lembrança da minha infância em que ele não estivesse. Voltei ao presente e reparei no homem que se havia tornado. Estava realmente lindo. Por momentos imaginei-o no altar da igreja, à minha espera. Pensamento este que acabou ao lembrar-me do que estava prestes a acontecer. Finalmente entrou e eu respirei fundo de alívio.

-Pronto, já estou aqui. E nem precisaste de mandar os cabelos.

-Estás com tanta graça tu.

-E tu estás linda. – Aproxima-se de mim com a intenção de me beijar.

-Nãnã. Vais me estragar a maquilhagem! E temos uma chave para procurar.

-Pois, tens razão.

Mal eu me viro, ele agarra-me pelas costas e manda-me para a cama, colocando-se em cima de mim.

-RAFAEL!!!! – Tento me libertar.

-Sabes que eu estive a pensar numa coisa…

-O quê? Oh Rafa larga-me.

-Tu estás trancada neste quarto… - Sorri.

-A sério? Ora aí está uma novidade!

-E não podes sair. Mas… Também ninguém pode entrar…

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