domingo, 2 de outubro de 2011

Capítulo 35 – É o Rafa.

08/07/2017, Sábado.


Acordei e ouvi um barulho vindo da cozinha. Calculei que fosse a minha mãe, pois sempre foi a primeira a levantar-se da cama. Levantei-me e abri a porta do quarto. O Brown levantou-se muito depressa, e com a cauda a abanar e a língua de fora, manteve-se a olhar para mim como se esperasse algo.

-Já sei que queres ir á rua, tens que esperar só um bocadinho. – Fiz-lhe uma festa e saí do quarto. Quando cheguei á cozinha estava a minha mãe de costas, a fazer torradas para o pequeno-almoço.

-Mãe! – Disse ao aproximar-me.

-RITA?! – Surpreendida e meio confusa, largou o que estava a fazer e abraçou-me com força. – Filha, como é que tu…?! Quando é que chegaste?

-Cheguei ontem à noite, não quis acordar-vos. E eu não disse que ia voltar ontem para vocês não ficarem o dia todo preocupados à espera que eu chegasse.

-Tu devias ter-nos dito! Nós esperávamos por ti no aeroporto! Eu ainda nem acredito que estás aqui filha. – Abraçou-me novamente já com lágrimas nos olhos. – Estás mais magra, comeste em condições?

-Mãe! Não comeces, eu estou bem assim.

-Estás tão linda minha querida. A minha menina está tão crescida. – Passa a sua mão pelo meu rosto.

-Tu também mãe, estás linda.

-Anda. – Agarra-me pela mão e puxa-me á medida que caminha para os quartos. - Luís!! Ricardo! Acordem!!

-Aish oh mãe! Olha aí os gritos! – Refila o meu irmão.

-Ele tem razão mãe, deixa-o dormir então. – Disse eu, e ao ouvir a minha voz levantou-se imediatamente.

-Rita?!!  - Abraçou-me. – O que é que..?!

-Vejo que continuas o mesmo preguiçoso para te levantar!

-Teresa, o que é que se passa? Pareceu ouvir a voz da… - Parou de falar quando me viu. – Filha!! Voltaste! – Abraçou-me e rapidamente me vieram as lágrimas aos olhos. – Porque é que não nos avisaste que vinhas? Estás tão crescida!

-Venham, vamos tomar o pequeno-almoço. – No momento em que a minha mãe proferiu a palavra ‘’Pequeno-almoço’’ o Brown apareceu por trás dela o que fez com que esta pulasse com o susto. – Ai!! – O grito da minha mãe assustou-o também e ele colocou-se atrás das minhas pernas.

-Calma mãe, é o Brown, o meu cão. Eu mostrei-vos fotografias, lembram-se?

-Mostraste, mas eu ia jurar que ele era pequeno!!!

-Ele cresceu, era bebé quando vos mandei as fotos.

-Ele é enorme!! Porta-se bem?

-Sim mãe, não te preocupes. E também é só durante uns tempos, até arranjar uma casa.

-Vá, vamos comer que este cheirinho está-me a dar fome! Fizeste panquecas mãe? –Diz o meu irmão ao empurrar-nos a todos para a cozinha.

-Sim seu morto de fome! Filha, que história é essa de arranjar uma casa? Não vais ficar connosco?

-Só até arranjar um emprego e uma casa mãe, tenho que tratar da minha vida, e vou começar á procura já hoje.

-Então e o Jack? Ele também veio? – Perguntou o meu pai antes de dar a primeira dentada numa das panquecas maravilhosas da minha mãe.

-É Jake. – Corrigi. – Ele vem ter comigo quando acabar o curso, eu vim mais cedo para me ir procurando emprego, e uma casa.

-Eu pensava que ias ficar connosco filha. – Lamentou-se a minha mãe.

-Eu cresci minha mãe galinha, não posso ficar aqui em casa para sempre, ainda que seja a opção mais fácil. Eu tenho que ir com o Brownie á rua. – Levantei-me e peguei numa panqueca que coloquei na boca.

-Já? Mas temos tanta coisa para falar.

-Eu não me demoro mãezinha, até já.

Fui tirar a trela da mala que estava no quarto, e coloquei-a no brown, que mostrou alguma resistência pois nunca gostou de a usar. Porém como ele não conhecia bem a zona, preferia assim. Estávamos a sair do prédio e o meu telemóvel tocou. Enquanto o procurava na minha mala cheia de tralha, o Brown aproveitou-se do meu momento de distracção para se soltar e correr pela relva que havia em frente ao prédio.

-HEY! Muito espertinho! Brown, vem cá! – Ele estava com imensa vontade de brincar, e não me deu ouvidos.

No meio de toda esta situação, uma rapariga loira, com um mini cão ao colo dirigia-se a nós. Reparei que o Brown estava fixado no cão, com um ar brincalhão e maroto. ‘’Brown….Não faças isso, por favor!’’ – pensei. De repente, ele corre a toda a velocidade para a rapariga e com um grande salto derruba-a para a relva.

-BROWN!!! – Gritei correndo na direcção deles. – Oh meu deus! Peço imensa desculpa, ele não costuma ser assim. – Estiquei a mão para a ajudar mas ela levantou-se sem requisitar a minha ajuda.

-As desculpas evitam-se! Vê se controlas o idiota do teu cão!! – Disse com um tom arrogante.

-Hey, eu já pedi desculpa!

-Lá porque pediste desculpa não quer dizer que eu aceite! Agora afasta esse saco de pulgas de mim e do meu terry.

-Ui… Ok Paris Hilton! Vê lá não tropeces no teu rato. – Sem me responder, continuou o seu caminho e desapareceu no meu prédio. – Que bem frequentado que anda este prédio. E tu meu menino!! Isso não se faz! Para a próxima faz pior. – Ri-me. – Sabes que mais? Vamos tirar-te isto. – Tirei-lhe a trela e deixei-o correr e brincar á vontade. Entretanto peguei no telemóvel para ver quem me tinha ligado, e liguei de volta.

-Estou? – Atendeu a Diana.

-Hello! Desculpa, eu não conseguia encontrar o telemóvel e acabei de ter um encontro com a miss arrogância.

-Hã? – Perguntou confusa.

-Longa história.

-Depois quero saber! Bom, mas eu liguei para te vestires! Vou aí buscar-te daqui a bocado para irmos à praia.

-Ok, por mim tudo bem. A que horas vens?

-Daqui a uma hora, pode ser?

-Já? Eu ainda nem tomei banho!

-Então despacha-te! Até já Bitch.

-Jerk.

Voltei para casa, e estavam todos na sala, sentados nos sofás.

-Mãe, perdoas-me se eu for sair?

-O quê? Mas acabaste de chegar!! Quando é que vais estar connosco?

-Nós vamos ter todo o tempo do mundo para conversar mãezinha. Peste, queres vir? – Dirigi-me ao meu irmão.

-Aonde?

-À praia.

-Posso? – Os meus pais acenaram que sim. – Então já lá estou.

-Vá então vai te despachar.

Passado algum tempo a Diana veio buscar-nos e conduziu até á casa da Tixa, onde nos encontrámos com eles e fomos todos na carrinha do Rui. Fomos todo o caminho divertidos a cantar músicas infantis com a Madalena, e a filmá-la a cantar e a bater palmas.

-Chegámos! – Disse o Rui ao estacionar o carro.

-BOAA! – Gritou a Madalena.

Depois de retirarmos os sacos e os chapéus do porta-bagagem, descemos umas escadas de madeira que nos levavam até á praia. Esta estava preenchida de pessoas e actividades. Tinha um bar, uma escola de surf, e bastantes sítios para lazer e diversão. Quando chegámos ao fundo das escadas, o Rui entregou a mão da Madalena à mãe e preparava-se para ir a algum lugar.

-Vão indo meninas, eu já lá vou ter. – Deu um beijo à Tixa e caminhou na direcção da escola de surf, onde mais abaixo decorria uma aula com crianças.

-Onde é que ele vai? – Perguntei.

-Não sei. – Responderam a Di e a Tixa apressadamente.

Continuei a olhar para o Rui e reparei que estava a falar com o rapaz que estava a dar a aula de surf.

-Ele conhece o professor? – Continuei.

-Sim. – Continuaram a andar pela areia, como que a evitar a conversa.

Algo estava errado ali. Sentia que elas me estavam a esconder alguma coisa. Continuei a olhar na direcção da escola de surf, e algo me fez ficar arrepiada. Apesar de estarem longe, eu não conseguia parar de olhar para o rapaz com quem ele falava. Era-me bastante familiar, e devido à distância não conseguia perceber quem era. Talvez dentro de mim já soubesse quem era, mas mesmo assim decidi confirmar.

-Meninas…O professor de surf, que está a falar com o Rui, é o…

-Sim. É o Rafa. – Respondeu rapidamente a Diana.

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