Depois do Miguel e da Diana irem para o hospital, despedimo-nos todos. Eu fui na mota com o Rafa, o Nando foi na dele e a Tixa e a Marisa foram no carro com o Rui que levou as pranchas.
No caminho para o prédio:
-Fogo… Que cena. Eu ainda estou toda a tremer. – Disse irritada.
-Já passou, não fiques assim.
-Eu calculo o que a Di deve ter sentido. Eu nem quero imaginar se fosses tu.
-Mas não fui, está tudo bem.
-Mas podias ter sido Rafa! Eu pedi-vos para não entrarem com o mar naquele estado. Por acaso ficou tudo bem, mas olha lá se o Rui não estivesse connosco? Ele teria morrido. Já viste o tamanho da vossa irresponsabilidade? Isto poderia ter acabado muito mal! E ainda p…- Parei de falar quando de repente ele me agarrou nas pernas e levou-me em cima do seu ombro, virada de cabeça para baixo. – O que é que estás a fazer? Mete-me no chão! RAFAEL!
-Meto-te no chão quando ficares mais calma e te calares um bocadinho. Até lá, aproveita a boleia.
Respirei fundo.
-Ok, estou calma, mete-me no chão.
-Nãã.. Agora não me apetece. – Deu um leve pulo para me puxar mais para trás.
-RRR… Estúpido!
Subimos o elevador, e ele pousou-me no chão quando chegámos ao 2º andar.
-Adeus. – Disse e dirigi-me á porta de minha casa.
-Adeus? Então mas isso é assim?
-Sim. – Tirei as chaves da mala.
-Ai é? – Veio devagar na minha direcção e agarrou-me na cintura. – Não me vais dar um beijinho?
-Não.
-Nem um pequenino…? – Puxou-me contra si com mais força.
Aproximei a minha boca da sua, e estava pronta a beijá-lo se ele não se tivesse desviado. Deu dois passos para trás e tirou as chaves do bolso de trás das calças.
-Agora sou eu que não quero – Riu-se.
-Aiii Rafael… Estás-me a irritar duma maneira..!!! Não perdes pela demora.
Deitou-me a língua de fora, entrou em casa, e eu fiz o mesmo. Fui almoçar e nem contei nada do que tinha acontecido aos meus pais, senão aí é que nunca mais nos deixavam ir para a praia em paz. Depois do almoço fui para o meu quarto, e deitei-me na cama a ler. Era o último dia de férias, e quis aproveitar para acabar de ler um livro que havia começado no fim das aulas.
-BUUH! (O Rafa entra pela janela)
-Chiiiuu! Olha que os meus pais estão aí, ainda te ouvem.
-Eu vou-me já embora, só te vim perguntar se tens notícias do Miguel.
-Não, mas eu já ligo á Di daqui a bocado.
-O que é que estás a ler?
-Um livro.
-Ainda bem que me esclareceste, porque eu ainda não tinha percebido que era um livro. Ainda estás amuada comigo? – Pergunta a rir-se.
-Não.
-Estás sim. Estás com aquela cara que fazias cada vez que eu te estragava uma boneca. – Senta-se na cama e passa a mão pela minha perna.
-Não penses que eu te perdoo assim tão facilmente.
-Já te disse hoje que te amo? – Dá-me beijos ao longo da perna, passando para a barriga, e para o pescoço.
-Não. – Ainda com os olhos no livro, tentava ficar indiferente aos seus beijos e tentativas para fazer as pazes. – Rafa… Pára. Qual é a parte de ‘’Os meus pais estão cá em casa’’ que tu não percebeste?
-Eu já me estou a ir embora. – Continua com as festinhas e os beijos.
-Nota-se!
-Mas tu queres largar o livro e dar-me atenção? Só um beijo e eu vou-me embora, prometo.
Levantei-me, caminhei até á estante onde arrumei o livro e abri a janela.
-Vá, pira-te.
Ele levantou-se, colocou o seu braço á volta da minha cintura, e puxou-me para si. Envolvi os meus braços no seu pescoço, e beijámo-nos apaixonadamente.
-Rita, tens aí aquela canet… - Entra pelo quarto e pára de falar quando percebe o que se estava a passar. – Digam-me que isto não é o que parece!
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