domingo, 2 de outubro de 2011

Capítulo 31 – O casamento.

O tempo passava, e estava na hora de ir para a igreja. Ainda ninguém sabia do Bruno e o Rafa ainda não tinha dado notícias. Toda a família estava super nervosa, sem saber o que fazer. De qualquer maneira, fomos para a igreja, na esperança de que ele aparecesse rapidamente.

11:15 - À porta da Igreja:

-Eu estou farta de ligar aos dois e nenhum atende. Vou ligar à Isabel. – Diz a minha tia, ao pegar no telemóvel para ligar á mãe do bruno, que também andava à procura dele.

-Não é melhor avisarmos a Nádia? A rapariga não tarda nada está aí. – Observa a minha mãe.

-Tenham calma, o Rafa vai encontrá-lo de certeza. – Tentei acalmá-las.

-
Espero bem que sim, que a família da Nádia já está a estranhar a demora.

Ouvi o barulho de uma mota e olhei para trás. Eram eles, finalmente. O Bruno saiu da mota e veio a correr, enquanto o Rafa foi estacionar.

-Bruno!! Onde é que estiveste? – Pergunta-lhe a minha tia.

-É uma longa história Graça. Vamos entrar?

-Sim, vamos. 

Todos entraram e eu fiquei para trás para esperar pelo Rafa.

-Então, ficaste á minha espera? – Pergunta ao chegar ao pé de mim.

-Sim. - Aproxima a sua boca da minha e estava quase a beijar-me quando eu o parei colocando a minha mão a tapar a sua boca.

-Rafa… Está aqui a família toda.

- E daí? Eles já sabem de qualquer maneira. E eu quero mesmo que eles vejam, para ver se percebem que não nos vão separar.

Agarrei na sua mão e puxei-o para a lateral da igreja, onde ninguém nos via. Aí, beijei-o apaixonadamente durante longos minutos. Quando ouvimos a marcha nupcial corremos para a igreja e sentámos nos discretamente. A Nádia estava linda, com um longo vestido branco, rendado nas mangas. Debaixo do seu véu tinha uma longa trança com flores brancas aplicadas. Todo aquele ambiente me fez pensar no futuro, e se eu algum dia me casaria. Senti um calor na minha mão, era o Rafa, que havia pegado na minha mão e entrelaçado á dele. Olhei para ele e imaginei-o no altar à minha espera. Depois imaginei as caras dos nossos pais e estragou-se a fantasia. A cerimónia na igreja foi linda, apesar do Bruno ter gaguejado nos votos de tão nervoso que estava. Deu-me imensa vontade de rir, mas controlei-me. Depois da igreja, fomos para uma quinta não muito longe dali, onde se ia passar o copo de água.

18:30 – Copo de água.

Eu estava cá fora, junto a um lago, a ver a paisagem e os animais. Aquela quinta era realmente muito bonita, não admirava que fosse para casamentos. A festa passava-se ao fundo do jardim, numa tenda gigante. Mesmo estando longe, ainda conseguia ouvir a música do Quim Barreiros a dar. Não dei pelo tempo a passar, e quando vi as horas fui imediatamente para dentro, procurar o Rafa. Ele devia estar quase a ir embora, e eu queria estar com ele antes de ele partir. Procurei por todo o lado, e não o encontrei. E os noivos também não apareciam em lado nenhum. Dirigi-me à minha mãe e perguntei-lhe.

-Mãe, o Rafa?

Esta, atrapalhada, respondeu:

-Rita, eles já foram embora.

-Eles quem? Como assim foram embora?

-Tu já sabias que o Rafael ia com o irmão para o Norte hoje, filha...

-O quê? Sim sabia, mas eu pensava que era só logo á noite. Isso quer dizer que o Rafa já foi? – Caí-me uma lágrima no rosto, sem que eu conseguisse controlar.

-Sim. E os teus tios vão na próxima semana.

-Porque é que ninguém me chamou? Eu não me podia nem despedir dele é?

-Foi melhor assim querida. Tu estás assim agora, mas isso vai passar, e vais perceber que esta foi a escolha certa.

-Vocês é que vão perceber mãe. Vocês é que vão perceber que não tinham o direito de fazer isto, e eu nunca vos vou perdoar.  

-Rita…

Tentei ligar ao Rafa mas não dava sinal. Saí da quinta, e apanhei um táxi para Oeiras, onde me encontrei numa esplanada com a Tixa, a Di e a Marisa. Ao ver que eu estava a chorar abraçaram-me e tentaram pôr-me mais calma.

-Ele foi mesmo embora, não foi? – Perguntou a Tixa.

-Foi… O pior é que nem sequer se despediu de mim. Eu soube que ele tinha ido embora pela minha mãe.

-Se calhar não teve coragem de se despedir. Tu sabes que ele foge sempre a essas coisas. – Diz a Marisa.

-Não fiques assim amor… Ele vai voltar, tenho a certeza.

-Eu não vou conseguir estar longe dele, eu passei a minha vida toda com ele meninas.

-Nós sabemos…

-Mas agora tens que seguir em frente amiga. Ele foi embora mas a tua vida continua, tens que ser feliz. E eu também acho que ele vai voltar num instante.

-E nós vamos estar sempre contigo…

-Para sempre!

Abraçámos nos e fomos dar um passeio até á praia.

23:40 – No meu quarto.

Não conseguia dormir, e fiquei deitada na minha cama a ver fotografias durante horas.

-Mana? – Diz o Ricardo ao entrar no meu quarto.

-Ainda estás acordado, pestinha? Já devias estar a dormir.

-Tu estás triste porque o primo foi embora, não estás?

-Sim.

-Se quiseres eu empresto-te o meu dinossauro, eu durmo com ele quando estou triste.

-Obrigada lindo, mas não é preciso.

-Mana…?

-Sim, podes dormir comigo, anda vá.

-Fixe! – Foi ao quarto buscar o seu dinossauro de peluche e saltou para a minha cama.

Tapei-o, desliguei a luz, e tentei pensar que tudo ia passar, que o Rafa iria voltar e que tudo iria ficar bem.

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