domingo, 2 de outubro de 2011

Capítulo 5 –A desilusão (Parte 2)


21/09/2010, Terça.

Dia seguinte, escola:

-Fogo, ainda bem que tivemos furo. Que sorte. Íamos chegar atrasadas.

-Pois é… Ainda Bem.

-Di…Tu tens que falar sobre o que se passou, não podes fechar-te dessa maneira.

-Eu sei. Vamos nos sentar naquele banco e eu conto-te com calma.

-Ok.

-Como eu te tinha dito, eu fui até casa dele para lhe fazer a surpresa dos bilhetes. Eu toquei, e quem me atendeu foi a empregada da família dele, que me disse que ele tinha ido jantar com a namorada, Joana. Eu achei que ela tivesse a fazer confusão, então vim cá para fora e esperei, fiquei sentada num canto até ele chegar. E aí vi-o a abraçar e beijar uma rapariga. Sem que pudesse evitar já estava a chorar. Tentei ir esconder-me para ele não me ver, mas ele viu, e veio atrás de mim. O pior Rita… O pior é que ele nem se tentou explicar. Disse que aquela rapariga era filha duma família amiga da família dele, e que namorava com ela á muitos anos e que não a ia deixar. Que apesar de ter gostado de estar comigo, fui apenas uma diversão. E depois entrou no prédio com a namorada, e eu liguei-te, o resto já sabes.

-Como é que ele foi capaz?!! Que porco! Agora faz tudo sentido! O Miguel estava a tentar proteger-te!

-O Miguel…? Tás a falar do que?

-Lembras-te do dia em que tu começaste a namorar com o JP?

-Infelizmente lembro-me como se fosse ontem. Mas porque?

-Quando tu e o JP se estavam a beijar do outro lado da pista, o Miguel foi para a casa de banho, e depois o Nando foi atrás dele. Nós deduzimos logo que ele gostava de ti. Mais tarde o JP foi ter com eles e voltou ferido na cara. De certeza que o Miguel sabia o que ele andava a fazer e discutiram! Ele tentou proteger-te.

-Mas ele não tinha batido no lavatório?! Porque é que vocês não me contaram isto na altura??

-Oh, tu tavas bué feliz, nós não queríamos estragar a tua felicidade. E pensámos que ele estivesse só com ciúmes. Espera aí… Mas se o Miguel sabia quer dizer que… Não pode ser…

-Rita, tem calma. Ele podia não saber.

-É claro que o Nando sabia! Ele estava lá! E não fez nada… Eu não acredito.

-Fala com ele primeiro, não tires conclusões precipitadas.

-Podes crer que vou falar!

Assim que acabaram as aulas, liguei ao Nando, e pedi-lhe que fosse a minha casa. Queria tirar esta história a limpo.

-Olá amor! (Beijou-me mas não obteve resposta)

-Olá.

-O que é que se passa? Porque é que estás assim comigo?

-Nando, conta-me o que se passou na casa de banho naquele dia em que fomos á pista. E desta vez quero a verdade!

-Mas porque isso agora?

-Tu e o Miguel sabiam que o Nando tinha uma namorada á anos, não sabiam?

-Como é que... Ok, nós sabíamos! Mas tem calma! Ele disse nos que ia acabar!

-Eu não acredito que tu sabias e conseguiste ver Diana a ser enganada daquela maneira!!

-Tem calma!! Deixa-me explicar!

-Então explica-me tudo, sem mentiras!!

-No dia que nós vos conhecemos, no centro comercial, eu gostei logo de ti. E o Miguel gostou da Diana. No fim do dia, ele comentou connosco, que a achava linda e divertida, e que gostou imenso dela. E naquele dia na pista, ele ia convidá-la para sair. Mas o JP antecipou-se. Quando o Miguel percebeu o que ele estava a fazer, eles discutiram na casa de banho e o Miguel perdeu a cabeça e começou a bater no João. Nós avisámos lhe que íamos contar que ele namorava com a Joana, mas ele disse que ia acabar com ela, que eles tavam mal, e que não podíamos contar nada porque ele gostava da Diana.

-Pois! Mas pelos vistos não acabou. A Diana vi-o com a namorada e ele ainda teve coragem de dizer que ela não passou de uma diversão.

-O que?? Amor, eu juro que não sabia. Acredita em mim. E quando o Miguel souber vai se passar, ele gosta mesmo da Diana.

-Tu desiludiste-me Nando…

-Por favor, não digas isso. Tu não sabes o quanto te amo. Mas eu nunca pensei que isso fosse acontecer. Eu sabia que ele sempre foi mulherengo, mas eu pensava que com a Diana era diferente. Ele é meu amigo, tens que compreender.

-E eu sou tua namorada…

-Eu sei, eu errei. Eu devia-te ter contado. Perdoa-me.

-Não é só a mim que tens que pedir perdão. É á Diana.

-Eu sei. E eu juro que lhe vou pedir. Eu lamento muito o que ele lhe fez.

-Nando…Eu preciso de um tempo. Eu não estou a acabar. Só preciso de um tempo sozinha, mais nada.

-Ok, eu compreendo. Mas eu quero que saibas que te amo, e que vou ficar á tua espera.

-Está Bem.

Deu me um beijo na cara e saiu. Eu fui para o meu quarto. Estava demasiado confusa. As palavras que a Di tinha dito na noite anterior não me saíam da cabeça. ‘’Eu percebo agora porque o amas.’’ E mesmo quando eu estava a pensar nele, ele apareceu:

-Rita, tens aí cola que me emprestes? É que eu preciso para o trabalh…O que é que tens??

-Está na segunda gaveta da secretária.

-Porque é que estás assim? E escusas de disfarçar que eu sei perfeitamente quando estiveste a chorar.

-Não é nada.

-É por causa da Di? Olha, se for preciso eu vou falar com ele. Eu ajudo.

-Abraça-me.

Deu-me um abraço apertado, e eu mantive a minha cabeça no seu ombro ao mesmo tempo que dizia:

-Obrigada.

-Pelo que?

-Por existires.

Dando-me carinhosos beijos no pescoço, respondeu:

-Eu não existiria sem ti, por isso é a ti que tens de agradecer.

Com a minha cabeça sobre o seu peito, ficámos a conversar na minha cama ao mesmo tempo que brincávamos com os nossos dedos entrelaçados:

-E lembras-te daquela vez que eu bati a um miúdo quando te tirou as moletas? Ele desde aí nunca mais se meteu contigo.

-Lembro, eu tinha torcido o pé. Tu ainda te lembras disso?! Nós tínhamos uns 7 ou 8 anos.

-Lembro, na verdade eu não me esqueci de nada.

Gerou-se um olhar profundo entre nós que foi interrompido pelo chamamento da minha mãe:

-Rita! Vem jantar.

-Bom, eu vou andando que já sabemos que os papás nos matam se nos apanham aqui sozinhos.

-Sim, até amanha.

Quando ele se preparava para ir embora, chamei-o:

-Rafa!

-Sim?

-Eu também não me esqueci de nada.

Dá me um enorme sorriso e responde:

-Eu sei que não.

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